PAPAI NOEL E O MENINO DE RUA!!!

PAPAI NOEL E O MENINO DE RUA!!!

Sou um menino de rua

Que vivo pedindo esmola

Um pivete, trombadinha.

Moleque que cheira cola.

Vivo uma vida maldita

Em mim ninguém acredita

Nem sequer me dão ouvidos.

Sou malfadado sem sorte

Vivo entre a vida e a morte

No mundo dos excluídos

Perambulando nas ruas

Numa loja eu adentrei

Papai Noel ali estava

Eu dele me aproximei

E lhe perguntei assim

Tem um presente pra mim

Que vivo em desesperança?

E antes que ouvisse as respostas

Senti um toque nas costas

Era a mão de um segurança.

Foi logo me perguntando

Estás querendo roubar?

Não vê que aqui não te cabe

Nem é esse o teu lugar

Seu esmolambado e roto.

Vá remexer no esgoto

Ou nas lixeiras da praça.

Vai cuidar da tua vida

Caçar restos de comida

Pra fome que te ameaça.

Eu falei assim: seu guarda!

É tão cruel minha vida

Não tenho lar nem parentes

A minha infância é perdida

Vivo assustado com medo

Nunca possui brinquedo

Nem outro divertimento

Só aflições e torturas

Mágoas, lamentos, agruras.

Vivo um viver violento.

Porém se aqui eu entrei

Não foi pra nada roubar

Foi pra ver se o bom velhinho

Poderia me explicar

Numas frações de segundos.

Porque existem dois mundos

Com tantas diversidades

Num há fartura e riquezas

Noutro miséria e pobrezas

Porque as desigualdades?

E queria convidá-lo

Pra sair nas madrugadas

Pra ver a situação

Dos que vivem nas calçadas

Na miséria e infelizes

Se amparando nas marquises

Em completo desabrigo

Sendo marginalizado.

O que fizeram de errado

Pra sofrer esse castigo?

Já que o senhor bem conhece

O orbe dos abastados

Venha conhecer também

O mundo dos favelados

Aonde a pobreza impera

Porém a fé prolifera

E em Deus se tem confiança

Sofrem-se necessidades

Passam-se dificuldades

Mas, se cultiva a esperança.

Que na noite natalina

Entre nas mansões bonitas

Mas vá também aos barracos

Mocambos e palafitas

Assim nas suas andanças

Vá semeando bonanças

Das maneiras mais sutis

Nas humildes moradias

Vá enchendo de alegrias

Os corações infantis

Nós, as crianças carentes.

Temos momentos tristonhos

Mas, isso não nos impede

De também ter nossos sonhos.

Ver em breve outros Natais

Com as camadas sociais

Na maior felicidade

Numa ampla e farta mesa

Juntos, pobreza e riqueza

Compartilhando a igualdade.

Pense bem papai Noel

E mude os trajetos seus

Se nenhum bem possuímos

Mas, somos filhos de Deus.

E no Natal de Jesus

Traga um alento, uma luz

Praquele que nada tem.

Pois nos Natais com refino

Mesmo Jesus pequenino

Não é lembrado também.

Carlos Aires

11/12/2012