O AMOR DO POETA GONÇALVES DIAS POR ANA AMÉLIA

Há três séculos nasceu,

Sem berço e sem fidalguia,

Na isntância Boa Vista,

Zona rural de Caxias

O poeta dos poetas

Antonio Gonçalves Dias.

Filho de uma mulata

Com um mercador português,

Inda jovem aprendeu

Latim, espanhol e Francês

E viajou para a Europa

Como se fosse burguês.

Em Portugal diplomou-se

Bacharel em direito,

Circulou entre poetas

E ganhou muito respeito

Pelo seu gênio brilhante

E romantismo perfeito.

Nesse país, exilado

Na tarde de um belo dia,

Levado pela saudade

Que de sua terra sentia

Compôs “Canção do Exílio”,

Sua mais bela poesia.

Como todos nesta vida,

Que nascem predestinados,

Em seu exílio, o poeta,

Certo dia foi flechado

Pelos deuses da paixão

E ficou apaixonado.

Ana Amélia foi a dona

Por quem ele se encantou,

Uma jovem maranhense

Que em Lisboa aportou.

A dona mais formosa

Que na cidade Chegou.

Muito jovem a moça,

Não podia ser cortejada.

Quem seu maior amigo,

Tinha como cunhada.

Assim, pois resolveu

Que a paixão seria adiada.

A menina então partiu,

Voltou para São Luís

E o poeta ficou

Em Portugal infeliz,

Por que com ninguém mais

Poderia ele ser feliz.

Ao retornar ao Brasil,

Esse grande artista,

Foi professor de latim.

Fundou até uma revista

E atuou ativamente

No ofício de jornalista,

Foi também etnólogo

E ávido pesquisador ,

Crítico literário.

Não chegou a ser ator,

Mas fez peça de teatro,

Pois era um bom autor.

Encontrou Ana Amélia,

Agora mais bela,

Mesmo muito tímido

O seu amor lhe revela,

Pois a queria muito

E era querido por ela.

Porém Ana era branca

E o poeta mulato.

Namorá-la não podia.

Isso era um triste fato.

Naquele tempo a ideia

Era até um desacato.

Mas como era forte

Aquele sentimento,

Assim mesmo ele pediu

A moça em casamento.

Porém a sua família

Não deu consentimento.

Diante daquele fato,

Perturbava lhe a questão:

Renunciar seu grande amor

Ou alimentar a paixão,

Levá-la para longe

Era uma excelente opção.

Porém Gonçalves Dias

Não conhecia maldade.

Pelo cunhado de Ana

Tinha uma grande amizade.

Preferiu sacrificar

Por isso, a felicidade.

Em carta despediu-se

Tristonho de sua musa

E foi residir no Rio,

Deixando a bem confusa.

Pois a opção de deixá-la

Soou-lhe como recusa.

Lá no Rio de Janeiro

Casou-se rapidamente,

Para tentar esquecer

Aquela paixão ardente,

Mas a sua Ana Amélia

Não lhe saia da mente.

Voltou então para a Europa

Para uma grande missão,

Como oficial do Brasil

De assuntos da educação,

Prestando grandes serviços

Em prol da nossa nação.

Não esqueceu Ana Amélia

Um único momento.

Não era feliz na vida

Nem no seu casamento.

Morava em seu peito

Um grande desalento.

Vivia arrependido

De ter deixado pra trás

A sua amada querida

Para ser um bom rapaz.

Agora era muito tarde,

Não a teria nunca mais.

Muito triste o poeta,

Sem a sua pretendida,

Encontraria nas letras

Um sentido pra vida,

Fazendo várias poesias

Para a sua Ana querida.

Alguns anos mais tarde

Para o Brasil retornou,

A convite do governo.

Dessa vez ele integrou

Um grupo de cientistas

Que pelo pais viajou.

Foi depois à Europa

Uma vez novamente,

Por que um dia se descobriu,

De fato, muito doente

E remédio só havia

Naquele continente.

A sua antiga paixão,

Estando adormecida,

Não estava acabada,

Pois não fora esquecida.

Guardava ainda consigo

A paixão de sua vida.

Aconteceu que um dia

Sua dor foi aumentada.

Como pelo destino,

De forma inesperada,

Reencontrou Ana Amélia,

A sua eterna adorada.

A mesma agora esposa

De um religues mercador,

Pertencente a família

De bem pequeno valor.

E assim também como ele

Era um cidadão de cor.

Ana Amélia infeliz,

Triste e amargurada,

Casara-se por capricho

Com um de quase nada,

Anos depois da data

Em que lhe foi negada.

O poeta, sem palavras,

Pesaroso admitiu:

Perdera a para sempre.

Ao ver isto concluiu.

Depois foi se embora

E nunca mais a viu.

Ainda muito doente,

Para o Brasil embarcou,

Mas durante a viagem

O seu navio naufragou

E a morte sorrateira

Para outro mundo o levou.

Quando o navio veio a pique

O povo todo correu

O mesmo muito fraco

No navio permaneceu

Sem forças para nadar

Então, se afogou e morreu.

Assim, morreu o poeta.

Antônio Gonçalves Dias.

Esse ilustre maranhense

Da cidade de Caxias,

Que viveu para o amor

E para a arte da poesia.

Adão Brandão
Enviado por Adão Brandão em 04/02/2013
Reeditado em 10/12/2023
Código do texto: T4123177
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