ANIMAIS DA CIDADE

Os animais da cidade

Não sabem mais o que é viver

Devem morrer de saudade

Como era boa a felicidade

Da natureza a lhe envolver

Tornaram-se propriedade

De quem diz lhe defender

Coitadinho do cãozinho

Bichinho de estimação

Dia inteiro num cantinho

Um pouquinho de ração

Daquelas bem baratas

Onde estão os vira-latas?

Sem espaço pra correr

Uma coleira a lhe prender

Os passarinhos da cidade

Não têm mais onde voar

Ignorância ou maldade

Teimam em lhes engaiolar

Sabiás e canarinhos

Já nem cantam mais

Onde fazer seus ninhos

Sem árvores nos quintais?

O que falar dos gatos?

Ainda esquecem o que é miar

Sete vidas, lamber pratos?

Um ratinho pra caçar?

Pois é, deixe estar

O gato do meu vizinho

Nem o muro quer pular

Cada dia mais gordinho

Passa o dia no sofá

O galo e a galinha

Que corriam pelo mundo

Pendurados lá no fundo

Do açougue ou do mercado

A ninhada amarelinha

Que vivia bem soltinha

Vira logo frango assado

Oinc-Oinc o porquinho

Sempre levado da breca

Na cidade só um toicinho

Do churrasco a bisteca

Até o valente jacaré

Sem que ninguém nos ouça

É botina em algum pé

Ou de madame uma bolsa

Progresso e urbanização

Apagando suas memórias

Condenando-os à extinção

Sem Boitatá dar proteção

Enredos de tantas histórias

Os animais da cidade

São objetos da vaidade

Uma simples decoração

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Agradeço a participação da

poetisa Hull de La Fuente

complementando o cordel:

Um cordel que me agrada

por falar tanta verdade

e ninguém a fazer nada...

Pro aumento da cidade

animais perderam o rumo,

a vida, o eixo, o prumo...

È triste a realidade.

Houve um tempo em minha quadra

que um bosque existia...

Até chegar a esquadra

que com a serra trazia

a sentença de matança...

Só trouxe desesperança

pra fauna que ali havia.

Poucas árvores restaram...

Foram embora os passarinhos...

Os joãos-de-barro emigraram

Caíram seus condomínios...

Hoje resta a tristeza,

foi-se embora a beleza...

Perderam-se tantos ninhos...

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Querido poeta, seu cordel é um grito de alerta.

Pena que o homem não se importa com a destruição da fauna

e da flora, mas já dá pra sentir a reação da natureza.

Um abraço,

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 08/02/2013
Reeditado em 11/02/2013
Código do texto: T4129501
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