* O trabalho de cada um *

Dois primos criados juntos

Amigos leais e devotados.

Onde juntos tudo aprenderam

Com o tempo foram distanciados.

Como acontecem com a gente

Trilhamos caminhos diferentes

Quando nos sentimos criados.

Um deles dedicou-se aos livros

Descobriu prazer em aprender

Estudou muito e triunfou nos exames

Sempre no intuito de vencer.

O outro dos livros não se agradou

Cedo o estudo abandonou

Não tinha interesse em crescer.

Gostava de nadar e jogar bola

Ignorou os deveres e nos exames fracassou

Como só acontece nesse mundo

Este indivíduo vacilou.

A sorte sorriu ao primeiro

Que se tornou conselheiro

Pois um rei lhe contratou.

O segundo primo arranjou serviço

De remador no navio real.

Um dia o rei e seus conselheiros

Embarcaram numa viagem habitual

Viajavam tranquilamente rio acima

Quando e remador viu seu primo se desanima

O mesmo de inveja quase passava mal.

Sentados sob um dossel na proa do barco,

Onde a brisa era mais agradável.

Discutindo negócios de estado

Enquanto o outro pobre miserável

Vendo o primo bem á vontade com a realeza

Ficou muito abalado e com grande tristeza

Ficando até um pouco insuportável.

- Olhe só aquele preguiçoso

Espichado na proa descansando.

Enquanto eu fico morrendo no sol

Esse barco pesado arrastando.

- Disse para si e continuou a remar

Por que não tenho o direito de estar lá?

Com eles ali conversando?

Afinal, nós dois somos criaturas de Deus?

Quanto mais pensava, mais furioso ficava.

- Olhe só esses palermas inúteis!

Remando o barco, resmungava.

Intitulam-se conselheiros, mas ficam à toa

Jogando conversa fora na proa

E eu arrastando suas caraças me cansava.

Isso não é nada justo!

Eles deviam estar aqui remando também.

Não somos todos criaturas de Deus?

Aquela noite não foram muito além.

Logo ancoraram para pernoitar

Todos comeram e foram se deitar

O remador acordou sacudido por alguém.

Era o próprio rei sacudindo-lhe os ombros.

- Há um barulho esquisito vindo daquela direção.

- Disse apontando para a terra.

Não consigo dormir, imagino que seja confusão.

Vá e descubra pra mim, por favor!

Pulou fora do barco e subiu o morro o remador

Voltando quase na mesma ocasião.

- Não é nada majestade. - Disse eufórico

É uma ninhada de gatinhos barulhentos.

Que tipos de gatos? - Perguntou o rei.

- Não olhei, nem deu tempo.

Correu de novo morro acima e voltou

- São gatos siameses Senhor!

- E Quantos são os inocentes?

Perguntou novamente o rei

Mas o remador também não tinha reparado.

Voltou lá. Seis gatinhos. – reportou

O remador estava ofegante e cansado.

- Quantas fêmeas e quantos machos?

Perguntou o rei cabisbaixo

Mas o remador não tinha investigado.

Voltou ao morro mais uma vez

- Três machos e três fêmeas. Gemeu.

- Está bem. - Disse o rei. - Venha comigo!

Vamos acordar o primo seu.

- Há um barulho esquisito lá fora

- Verificarei para o Senhor agora!

Rapidinho ele desapareceu.

- É uma ninhada de gatinhos recém nascidos

Lindos minha majestade!

- Que tipos de gatos? – Perguntou o rei

- São gatos siameses de verdade.

- Quantas fêmeas e quantos machos?

Seis, respondeu sem nenhum embaraço.

Três machos e três fêmeas que felicidade!

A mãe deu a luz dentro de um barril

Logo que o navio foi ancorado.

Pertencem ao prefeito do vilarejo

Ele espera não ter lhe incomodado.

Oferece-lhe um dos animaizinhos de estimação

Ofertando-lhe de todo coração.

Mandou que lhe desse esse recado.

- Ouvi seus resmungos hoje cedo.

O rei se dirigiu para o remador.

- Todos somos filhos de Deus!

Não é verdade Senhor!

Tem o seu trabalho para executar

Cada um em seu lugar.

Fazem seu trabalho com muito amor.

Precisei mandá-lo quatro vezes a praia

Para obter uma resposta exata.

Meu conselheiro foi uma só vez.

E tinha as respostas imediatas.

É por isso que ele é meu conselheiro

E você é remador ou barqueiro

Seja um cidadão mais pacata.

Compreenda que entre ele e você

Existe uma grande diferença.

Ele faz o que precisa ser feito

De sua livre e vã consciência.

E você precisa que alguém lhe peça

Nada mais aqui me interessa

Não quero perder minha paciência.

Reflita sobre sua atitude

E a atitude de seu companheiro.

Por que você é remador

Enquanto ele é meu conselheiro.

O valor que tem o trabalho de cada um

É importante, e em momento algum.

Deseje que o seu seja o primeiro.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 10/02/2013
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