A História de Canudos em Meio a um Amor Inesperado.

A vocês peço licença

E também muita atenção

A fim de que apreciem

Uma história do sertão

Nasceu entre a vida de Conselheiro

E um apaixonante galanteio

Misturando o real com ficção.

Num pequeno povoado

Por nome Nova Vitória

Morava Seu Alcino

Grande contador de estória

Mesmo sendo analfabeto

Tinha enorme intelecto

Era apreciável sua memória.

Certo dia Seu Alcino

Cuidava da plantação

Quando avistou um moço

De lá pra cá num carrão

Ele ficou logo cismado

E mesmo tão desarrumado

Quis ver quem era o cidadão.

- O que há seu moço?-

Seu Alcino perguntou

-Vim aqui lhe entrevistar

Me permita meu senhor

- Dependendo do que queres saber

Se eu puder te responder

Eu te faço este favor.

- Vi falar que o senhor

Conta estórias como ninguém

Sou professor de História

E preciso de alguém

Que me fale de Conselheiro

Que em Canudos foi guerreiro

Vencedor do mal com o bem.

Neste momento Seu Alcino

Ficou de olho arregalado

Dentre tantos anos de vida

Nunca se sentiu despreparado

Porque mesmo tão conhecedor

Das estórias de luta e dor

Sobre Conselheiro não era informado.

- Meu filho, chegue à frente

Se sente e entre pra cá

Me pegaste desprevenido

E preciso confessar]

De Conselheiro nada sei

Mas minha filha chamarei

Ela pode te ajudar.

Uma donzela aparece

Linda como uma garça

Era a filha de Alcino

Seu nome era Graça

Era simples estudante

Mas de História era amante

Seu saber não tinha farsa.

- O que é que há seu moço?-

Graça queria saber

- Me fale de Conselheiro

Pois te escutarei com prazer.

- Falarei dessa história do sertão

Mas te peço bastante atenção

Para nenhum detalhe perder.

Antonio Vicente

Mendes Maciel,

Ou Antonio Conselheiro

Viveu sob um triste céu

Nasceu em 1828

E era testemunha do açoito

Dado aos pobres como fel.

E foi vendo as injustiças

E desesperanças sociais

Que encontrou solo propício

No Governo Prudente Morais

Para pregações político-religiosas

Vistas como monárquicas e fantasiosas

Pelo seus poderosos rivais.

Desde 1870,

No sertão vivia em percorrida

Mas em 1893

Com sessenta e cinco anos de vida

Chegou a uma fazenda abandonada

Às margens do Várzea Barris localizada

Pregando aos pobres uma saída.

Conselheiro deu sermões

Que pregavam a salvação

Mas também incentivava

Lutar contra a opressão

Ensinava que a República

Era culpada pela súplica

Do povo do sertão.

Em pouco tempo muita gente

Se ajuntou ao Pregador:

Eram pobres, ex- escravos,

Sem Terra, aboiador...

Chegou aos vinte e trinta mil

Pessoas de um triste Brasil

A cidade Belo Monte se formou.

Todos tinham direitos iguais

Sem bebidas ou prostituição,

Era uma sociedade alternativa

Que representava uma solução

Sua base era o Messianismo

E com esse mecanismo

Coronéis não tinham dominação.

E justamente devido a falta

De controle sobre a cidade

O Governo traçou planos

Pra acabar com a comunidade

Enviando tropas militares

A fim de exterminar os milhares

Com injusta brutalidade.

No entanto Canudos

Lutando não se rendeu

Enviada três tropas

Todas três ela venceu

Começando em 1896

Só em 1897 terminou de vez

Quando enfim Canudos morreu.

Foi em 05 de Outubro

Que essa morte ocorreu

Casas foram incendiadas

A Igreja ao chão desceu

Conselheiro e o povo se acabaram

Anos depois os restolhos se inundaram

E assim a República venceu.

- Senhorita Graça estou

Profundamente impressionado

Com a sua inteligência

E como lhe foi ensinado

Essa história do sertão

Mas me fale a lição

Que de tudo tem tirado.

- A história de Canudos

Muito se repercutiu

Foi uma cena histórica

Chamou a atenção do Brasil.

Teve cobertura nacional

Euclides da Cunha fez edital

Dali “Os Sertões” surgiu.

Mas a principal lição

Que de tudo tenho tirado

Era a vontade de vencer

Em um mundo atribulado

Conselheiro não temia a ninguém

Lutava pela soberania do bem

Mesmo o acusando de abilolado.

Não só Conselheiro

Mas Canudos em geral

Eram pobres fanáticos

Viviam de forma ilegal

Mas fizeram tudo com amor

E digo por mim meu senhor

O amor é meu grande ideal.

O professor já não podia conter

A paixão que nele nascia

Graça lhe era amável

E seu olhar já não escondia

Resolveu abrir seu coração

E pediu de Graça atenção

Para ouvir o que lhe diria:

- Se o amor é o seu ideal

Idealizemos juntos este amor

Não posso esconder minha Graça,

Por ti meu coração palpitou.

Peço em casamento tua mão

Daremos a este sofrido sertão

Uma história linda e sem dor.

- Professor, eu aceitarei

Ser a tua aprendiz

E ao contrário de Canudos

Teremos final feliz

Construiremos nosso amor

Com as bênçãos do Senhor

Nossa sagrada diretriz!

- Senhor Alcino te peço:

Conceda tua Graça pra mim!

A levarei para meu belo monte

Plantaremos um eterno jardim

Serei o seu grande professor

Ensinando os caminhos do amor

Viveremos uma história sem fim.

No começo Seu Alcino

Ficou um tanto cismado

Mas se acostumou com a ideia

E aceitou logo o noivado

Em pouco tempo houve casamento

Houve festejos sem lamento

Em todo lugar foi comentado.

E assim se sucedeu

Toda a história de amor

Entre a linda e sábia Graça

E o estudioso professor

Misturando a história real

De Conselheiro e seu arraial

Com a ficção que você apreciou.

Baseado na história

Acompanhada de emoção

Termino este cordel

Ilustrando uma paixão

Sofredora mas não covarde

Tendo em mente uma verdade

Amara é de Deus uma benção!!!

Eryka Giulyane
Enviado por Eryka Giulyane em 19/04/2013
Código do texto: T4249483
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