Briga no Cabaré

Meus amigos vou contar,

Pra vocês como é que é,

Quando alguém se põe a brigar,

Dentro de um cabaré,

Batem em quem não quer apanhar

E briga até quem não quer.

A briga não tem motivo,

Veja só quanta desgraça:

O que faz um cristão vivo

Por um gole de cachaça,

Ou até com um incentivo,

De uma quenga da bagaça.

Se torna um sururu

Desse generalizado,

Apanha um veio brucutu

Que se mete a enjoado,

Que puxa a faca e guita:

Te pego cabra safado!

Chega o dono do gango

Com um porrete de jucá,

Pega um perto do balcão,

Dá-lhe até se mijar,

E continuam o sangangu

Sem saber com quem brigar.

Então chega a policia

Botando a porta pra dentro,

O cabo leva garrafada

Dão um murro no sargento,

Apanha até a delegada

Que se mete a marrento.

É tanta puta correndo

Sem saber pra onde ir,

Tanta cadeira voando,

E tanto cabra a cair,

E a delegada gritando:

Daqui ninguém vai sair!

Tá todo mundo em cana,

A se darem ao respeito,

Nunca vi ninguém brigar

Por cachaça desse jeito,

E se a briga não parar

Na bala eu boto respeito!

Nisso um bêbado caído,

No chão de tanta porrada,

Diz: se tem alguém duvido,

Mais macho que a delegada!

Acabou a briga no grito

E também na cacetada.

A delegada com raiva,

Com a briga no cabaré

Grita assim: fio duma égua,

Respeito q sou muié,

Mas não me troco por homem

Que briga em cabaré!

Pegou o bêbado caído

Pelo fundilho das calças,

Deixou-o todo muído,

De tanto bater na desgraça

Que pediu todo sofrido:

Me dê um gole de cachaça!

Que minha boca tá seca,

Minha costela quebrada

Me doe do pé a cabeça,

Do braço da delegada,

E por um gole de cachaça

Estranhou-se a macharada.

E foi assim que eu vi,

Acredite quem quiser

Confesso que um pouco menti,

Mas é mais ou menos como é,

Quando se começa uma briga

Dentro de um cabaré!

Ivanildo Franco