Os doze trabalhos de Hércules

O rei dos deuses olímpicos era Zeus

Que sua amante Acmene engravidou

Quando o filho nascesse, proclamou

Seria o rei de Micenas um semideus

A esposa Hera, ao descobrir o fato

Fez nascer Euristeu, filho prematuro

Antes do filho de Alcmene, o impuro

Zeus se enfureceu ao saber do ato

Porém, Zeus nada pode fazer contra Hera

Mas sua proclamação em vigor continuou

No acesso de loucura causado pela megera

Esposa Mégara e três filhos Hércules matou

Ao se dar conta do erro que cometeu

O herói fugiu para o campo e se isolou

Seu primo Teseu sozinho o encontrou

A ouvir oráculo de Delfos lhe convenceu

Oráculo lhe contou sua pena, expiação

Doze tarefas deveria Hércules executar

Servir doze anos a Euristeu, meio-irmão

E no fim dos trabalhos imortal se tornar

Euristeu era o homem que ele mais odiava

Por haver herdado seu direito de nascença

Assim, valente Hércules Euristeu detestava

Continuo a escrever o cordel, com licença!

Filho de Zeus e da mortal Alcmena

Héracles, Hércules, semideus, herói

Prepare-se, a estória não é pequena

Nos doze trabalhos cordel se constrói

Indicam antigas fontes romanas

Hércules, herói grego importado

Pastor mitológico, razões italianas

Recaranus, Garanus era chamado

Hércules, personagem de nome latino

Modificado de Hercle, o nome etrusco

Do grego Herakles, de novo te ensino

Síncope do grego, origem que busco

Hercle! ou Mehercle!, seria interjeição

Do clássico latim, invocação, juramento

Os gregos utilizavam Geju, expressão

Da sua incrível força, outro argumento

O servo de Hércules, Iolau, companheiro

Em dois trabalhos seu amigo e sobrinho

Segundo Licímnio, um eromenos ligeiro

Dois trabalhos Hércules não fez sozinho

No Peloponeso habitava Leão da Nemeia

Dos monstros Ortros e Équidna era filho

Devastava Argos, então matá-lo a ideia

Começam os trabalhos, a rima é o trilho

Habitantes não conseguiam a fera matar

A tentativa primeira teria sido infrutífera

A segunda tentativa foi enfim mortífera

Herói o estrangulou após com ele lutar

Acabada a luta arrancou a pele do animal

Com suas próprias mãos e passou a usá-la

Como peça do vestuário, o que era normal

História de Hércules, trova que me embala

Um dragão-serpente de nove cabeças

Que ao serem cortadas se regeneravam

Matava na hora o vapor que exalavam

Hidra de Lerna, filha de Équidna e Tifão

A cabeça do meio era de ouro puro, imortal

Hércules com a clava suas cabeças cortava

Enquanto a impedia seu servo, amigo Iolau

Com tições em brasa suas feridas queimava

A deusa Hera enviou ajuda à serpente

Baita caranguejo no qual Hércules pisou

O feroz animal converteu-se de repente

Nas estrelas de Câncer se transformou

No fim da batalha banhou sua flecha

No sangue da serpente, envenenada

A rima que é boa não pode ter brecha

Continuo o cordel, Hércules a jornada

Para evitar de Zeus a fúria e ameaça

A ninfa Taígete foi então transformada

Na Corça Cerínea, pela deusa da caça

Grega Ártemis, a quem era consagrada

Com chifres de ouro e bronze nos pés

No monte Cirineu da Arcádia habitava

O animal era rápido e não se cansava

Hércules a perseguiu, eu conto o viés

A corça possuía incrível velocidade

Durante um ano Hércules a perseguiu

Exausta, a flecha de Hércules a feriu

Tão levemente, perdeu a mobilidade

O herói colocou-a nos ombros e a levou

Ao reino de Euristeu para a culpa expiar

Seus filhos e Mégara Hércules matou

Condenado que fora com tarefas pagar

Javali do monte Erimanto, o monstro terrível

Descia todos os dias pra assolar a redondeza

Hércules recebeu de Euristeu missão incrível

Capturá-lo vivo e trazê-lo ao rei, a proeza

Héracles, com a força do berro

Do esconderijo expulsou a fera

No topo da montanha, não erro

Quarta missão que o rei lhe dera

Perseguiu o animal no meio da neve

Que aquela região da Arcádia cobria

Cansou o javali, estória não é breve

Capturou o animal, mas que agonia

Héracles sobre os ombros o colocou

E a fera levou ao palácio de Euristeu

Que de medo do monstro se entocou

No caldeirão de bronze se escondeu

A ânfora escondia o rei do perigo

Naquele palácio, polis de Micenas

Relatar estória no cordel consigo

O verso é prosa de rimas amenas

No templo de Apolo, polis de Cumas

As presas do animal foram mostradas

As lutas de Hércules, relatei algumas

Beleza é o cordel que deixa pegadas

O argonauta Aúgias era mito heleno

Era o rei de Elis e de Epicaste marido

Famoso por seus estábulos, aceno

Eram três mil bois, imagine mugido!

Até Hércules chegar com a proposta

Há trinta anos não era limpo o curral

De tão fedorento exalava gás mortal

Lavou num só dia toda aquela bosta

Valente Hércules, desviou o rio Alfeu

Tarefa humilhante, quase impossível

O gado sadio, imortal, que incrível!

Limpar tanto esterco será que fedeu?

O lago Estínfalo fica na Arcádia situado

Região do Peloponeso, perto de Corinto

Na floresta às suas margens, não minto

As aves de rapina num bando danado

Bichos de asas, cabeça e bico de ferro

Comiam carne humana; coisas intrigantes!

Impediam os raios do sol os seres gigantes

A rima tá longa, mas não paro ou emperro

Hércules usou suas flechas no ataque

As setas estavam todas envenenadas

Os monstros gigantes sentiram o baque

As aves carnívoras foram exterminadas

Começo a falar sobre o Touro de Creta

Animal que aterrorizava o povo da ilha

Levá-lo vivo ao rei Euristeu era a meta

Tarefas de Hércules só têm armadilha

Poseidon a Minos o havia concedido

Admirava o touro, não o sacrificou

Marruá belo, forte, ficou protegido

Ao rebanho o rei Minos o misturou

Minos matara outro de menor valor

A desobediência provocou grande ira

Então, Poseidon o touro transformou

Tornando-o furioso devido à mentira

Logo, Hércules desembarca em Creta

E o touro feroz pelos chifres captura

Montando o animal qual figura ereta

Leva-o pra Argólida, fim da aventura

Diomedes, hábil como um deus, gigante

Ares e Cirene de Tessália os seus pais

Rei dos guerreiros e da Trácia habitante

Às margens do Mar Negro morava, aliás

De quatro éguas Diomedes era o dono

De carne humana elas se alimentavam

Violentas, fumo e fogo elas vomitavam

Feras indomáveis, não pegue no sono

Pogardo, a potra de pés brilhantes

Lâmpon, égua do halo, o resplendor

Deino, égua terrível, mais que horror

Xanto, potra amarela; alucinantes!

As éguas de estrangeiros se alimentavam

Homens que tempestades traziam à costa

Região que potras indóceis aterrorizavam

Capturar as éguas, de Euristeu a proposta

Para atender o pedido do rei Euristeu

Héracles foi à Trássia com voluntários

Capturar quatro éguas ele prometeu

Porém, não contava com adversários

Tendo domado os animais, Hércules foi atacado

À beira da praia por Diomedes e seu bando inteiro

Pra lutar o herói deixou as éguas com seu criado

Abdero, filho de Hermes, eromenos, companheiro

Héracles venceu a luta e Diomedes prendeu

Mas, Abdero pelas éguas foi morto, devorado

Em homenagem ao companheiro que morreu

A cidade de Abdera Hércules teria fundado

Hércules fora de Diomedes o algoz

Ou o herói teria o gigante largado?

Morte desumana, perversa, atroz

Quatro potras o teriam devorado

Héracles levou pra Euristeu as feras equinas

Por descuido dos servos as éguas fugiram

Pro norte da Tessália, ao Olimpo se dirigiram

Animais selvagens as devoraram nas colinas

Amazonas são antiga nação de guerreiras

Diz Heródoto, povo da região da Sarmácia

Que com a região da Cítia faz fronteiras

Contar mitologia em cordel, que audácia!

Eram filhas da rainha Otrera e de Marte

Pentesileia, figurou na Guerra de Troia

E Hipólita, a do cinturão mágico, a joia

Das célebres rainhas a luta era arte

Para Héracles o cinturão de Hipólita tomar

Navegou ao Ponto Euxino e Temíscira, cidade

Na foz do rio Termodonte até encontrar

O palácio das rainhas amazonas, potestade

Héracles exigiu das belas o cinturão mágico

Ignorado pelas guerreiras, iniciou a querela

Matou Phillipis, Prothôe, Celeno, que trágico!

Também as guerreiras Euríbia, Febe e Aella

Morreram Marpê, Tecmessa e Alcipe

Mais Astéria e Dejanira em combate!

Sequestrara a comandante Melanipe

O cinturão foi o preço do seu resgate

Gerião, gigante filho de Calírroe e Crisaor

Pra cada um dos três corpos uma cabeça

Tinha seis braços, seis asas, um horror

Termine de ler cordel antes que escureça

Équidna, irmã do monstro, era mulher-serpente

Mãe do cão Ortros, que, aliado ao pastor Euritião

Guardavam o desejado rebanho de bois de Gerião

Euristeu cobiçava os bois vermelhos, era evidente

Hércules recebe de Euristeu o encargo e a missão

Rompe o Oceano na Taça do Sol, abre o Gibraltar

Alcança Erítia, onde os adversários foi enfrentar

Com a clava liquida o cão Ortros, derrota Euritião

No rio Ântemo, Gerião à flechadas é morto

Hércules captura os bois vermelhos, a glória

Retorna à Grécia após a jornada da vitória

E novo desafio recebe, que desconforto!

O jardim de Hespérides era o pomar de Hera

Árvores das maçãs douradas da imortalidade

Habitat do dragão cem cabeças, Ladão, fera

Vigia de Hera contra invasores da propriedade

Hércules pediu a Atlas pra matar Ladão

Enquanto sustentava nos ombros o céu

Veja que beleza o mito grego em cordel

Minha rima é redonda, palavra, gratidão

O décimo primeiro trabalho eu tanto esperava

No Jardim das Hespérides colher pomos de ouro

Após matar o cospe-fogo, dragão que os velava

No cordel de Hércules a rima é meu rico tesouro

Cérbero ou Cerberus era o demônio do poço

Guardava o reino dos mortos monstruoso cão

Pra cada uma das três cabeças largo pescoço

Do submundo de Hades era vigia, guardião

Reino subterrâneo dos mortos o animal guardava

Deixando as almas entrarem, mas saírem jamais

Qualquer mortal que lá aparecia, o despedaçava

Cordel tem muita rima, Hércules trabalhou demais

O trabalho era trazê-lo das profundezas sem guerra

O cão Cérbero, animal feio, o guardião da entrada

Hades autorizou Hércules a levá-lo ao cimo da Terra

Sob a condição de dominá-lo sem flecha ou armada

Hércules lutou contra ele na força do braço

Quase o sufocou, dominando-o na pressão

Depois, levou-o a Euristeu, que embaraço!

Com medo Euristeu lhe ordenou a devolução

Neste rico cordel conto doze trabalhos

Que Hércules fez pra recuperar seu valor

A estória de Hércules é cheia de atalhos

Comente o cordel, agradeço o favor!