Vinte anos da Chacina da Candelária

O tempo é tão veloz

Atropelador dos anos

Mas não tira a maldade

Do peito dos humanos

Quanto mais a vida passa

Mais os homens são tiranos

Vinte anos se passaram

Da noite mortuária

E o povo não apaga

A lembrança ordinária

Das crianças que tombaram

Em frente à Candelária

Naquela noite fria

Sob finos cobertores

Dormiam amontoados

Os pequenos infratores

Um cenário transformado

Numa praça de horrores

Foram tiros disparados

Com maldade nua e crua

Correria e muito sangue

Escorrendo pela rua

Tendo como testemunha

O clarão vindo da lua

Até hoje não julgaram

Os verdadeiros culpados

Na verdade, os menores

Foram todos condenados

Mas de frente pra igreja

Seus nomes foram lembrados

O governo deu de ombros

Pra manchete do jornal

Achando que o problema

Era de cunho social

Mas o caso tem destaque

De noticia mundial

Teve mãe desesperada

Teve até quem concordou

Teve ONG interessada

Presidente que falou

Quem sobreviveu ao fato

Realmente se importou

Tanto tempo se passou

Do triste acontecimento

Enterraram as crianças

Que morreram no relento

A lembrança está viva

E nem cai no esquecimento

Hoje em dia, quem visita

A majestosa Matriz

Tem a triste impressão

Que o singelo chafariz

Ainda chora a tragédia

Daquela noite infeliz