Poema premiado no II Conpozagão - Concurso de Poesia em Homenagem ao Gonzagão (2013)
Colocação: 2º lugar
Cajazeiras - Paraíba



No Xaxado Lampião Gonzaga e Dominguinhos


No Sertão do Pajeú,
Nordeste pernambucano,
Rasta sandália no chão,
Em punhos o aço de cano,
Dança macha sim-sinhô,
De homens de couro e de pano.

Dançado forte e aguerrido,
Para os feitos bem louvado,
Triste lamento de morte
De companheiro emboscado,
Verso cantado com coro
A inimigos insultado.

Pisada forte do bando,
Que nem o pau no feijão,
Xaxando a bagem colhida,
Tal golpe de Lampião,
Hoje folclore brasílico
Primo primeiro, o baião.

E puxando o esquerdo pé,
Num belo sapateado,
Que esses homens cangaceiros,
Tão rápido deslizado,
Em versos cantam seus feitos,
Nessa dança do xaxado.

Num gostoso xa xa xa,
Sempre depois duma saga,
Tomam os homens seus rifles
Para damas numa fraga.
Do Cangaço para o mundo
Na voz de Luiz Gonzaga!

E chegando de mansinho,
Vindo lá de Garanhus,
Com sorriso cativante,
Que a todo povo seduz,
Cantando bem o xaxado,
Seguindo seu amigo Luz,

Sanfoneiro sertanejo,
Nas quebradas do sertão,
Nas veredas nordestinas,
Vem difundindo o baião,
Tem nas costas o Brasil
E na frente o acordeão.

E de volta pro aconchego,
Indo com mesmo carinho
De Lampião a Gonzaga,
Abrindo a porta os caminhos,
Num lamento sertanejo,
A sanfona: Dominguinhos!