Iara, doce Iara
Nas margens do rio Amazonas, descansa uma sereia bela sob a luz do luar. Ela cantava uma melodia triste e misteriosa, que despertou a curiosidade do pescador que estava perto de lá.
O pobre homem, moreno e forte, estava ancorando o seu barco quando ouviu Iara cantar: saiu desembestado pelo mato, seguindo o rastro do canto que o fizera encantar.
Ao chegar a outra margem do rio, depois de enfrentar desafios da floresta fechada, abriu os arbustos e para o seu susto viu sentada encantada a lendária mãe d’água.
A sereia esperta sabia da presença do humilde pescador: tão alto, moreno, cabelos tão curvos quanto o rio local. Iara, a mãe d’água olhou-o fascinada e continuou o seu canto fatal:
“venha pescador, venha!
Venha para as minhas águas, venha!
Venha me encontrar, venha!
Venha me ver sorrir!”
O pescador encantado hipnotizado entrou enganado nas águas de lá, quando acordou assustado com um grito estridente que explodira no ar.
A sereia desvendada fugiu para o rio e desapareceu. Correndo valente aproximou-se do moreno outro pescador, amigo seu:
- Que bom, meu amigo, que bom que te vi! Tu ias embora, estarias morto a esta hora, se eu não estivesse aqui!
- Meu bom amigo, o que seria de mim sem ti? Me faça um favor, me leve daqui!
Os dois prosseguiram, ainda assustados, sem terem desatinado para a história que passou:
- Que loucura passamos, amigo! Que perigo! Que temor!
- Falaremos aos outros, que Iara nos ronda, que de certo apronta, causando a dor?
- Meu amigo, lamento, estamos ao relento, os outros não dariam atenção nem sentiriam temor, pois esta, desculpe, seria mais uma história de pescador.