A rosa e o espinho

Tão solitária vive a linda flor

Quantas pétalas na bela rosa

Coisa linda, morena cheirosa

Cheiro bom, perfume de amor

Teu encanto é Rosa de Saron

Sacode, é Rosa de Hiroshima

Na poesia o cordel é um dom

Do poeta que lhe tem estima

A mais bonita dentre as flores

Na poesia só há bem-me-quer

Alegria de um milhão de cores

Rosa-morena, amor de mulher

Amarelo platônico é amizade

Eterno azul, raro, impossível

Rosa branca é pureza incrível

Vermelho, paixão e felicidade

Qualquer um pode amar uma rosa

Só meu coração inclui teu espinho

Quero te amar, morena silenciosa

Linda rosa eu conheci no caminho

Rosa do azul que jamais descolore

Os mistérios da busca e do alcance

Que o meu azul com o teu namore

Mais que paixão, será um romance?

Será o branco da minha reverência?

Ou até o branco da pureza e da paz?

E o teu branco, segredo, inocência?

Passou em branco este pobre rapaz

Se faz borbulha, és simpatia

Uma champanhe, admiração!

Rubra e branca, és harmonia

Vermelho, respeito, devoção

Beleza é bordô, inconsciente

É cor de laranja o teu desejo

É verde-claro a tua semente

Da tua boca quero um beijo

E o teu violeta, menina, acalma

Cor-de-rosa, morena, agradeço

Paixão nasce no fundo da alma

Regando a flor é que te mereço

Eu cultivei tantas rosas acima

Sinto pena, as rosas não falam

E perfume que as rosas exalam

Roubam de ti, amor, nesta rima

Amor de mil rosas é roubada

E rosa não perdoa mentira

Paixão cruel e desenfreada

Morena, cuidado com a mira

Até o cravo tem amor pela rosa

Na história eu mudo o sentido

Assim, o cravo não saiu ferido

E a linda flor continua formosa

Rosa-morena da cor de canela

No cordel o amor tu me deste

Tantas cores tem sua aquarela

Que assim seja o divino teste

Então, eu sigo o meu destino

E a plantinha eu rego de amor

Ao te amar voltei a ser menino

Neste jardim brinca o sonhador

Agradeço Cartola, Cazuza, Chico Buarque, Fernando Pessoa