Coração tá querendo
Na fazenda Riacho Barbatão
Na velha casinha fui nascido
Onde nasci é que tenho vivido
Nem que seja na imaginação
Pra mim não existe o “difícil”
Pouco fácil, melhor expressão
Tartaruga melhor do que míssil
E inseto é melhor do que avião
Este é meu atraso de nascença
Nasci pra gostar de passarinho
Na felicidade eu tenho a crença
Que o quintal é meu mundinho
Eu quero palavrinhas triviais
Fui criado no meio do sertão
E gosto das coisinhas do chão
Antes que das coisas celestiais
A vida me ensinou o alfabeto
Água vem primeiro que a luz
Cordel é a seiva que conduz
A vida deste poeta-arquiteto
Amigo, se eu nascesse de novo
Com todo o poder de escolher
Seria mais um no meio do povo
Mais que sou eu não queria ser
Quem anda no trilho é trem de ferro
Sou água que entre as pedras corre
Sou liberdade, caço jeito e não erro
Amizade é sentimento que comove
Até desprezo requer parcimônia
Pois são muitos os necessitados
Assertivo não faz nem cerimônia
A amar é que somos condenados
Palavras até me conquistaram
Até com hipocrisia eu brinquei
Porém, se as coisas mudaram
Eu te falo, eu também mudei
Tudo mudou depois que mudei
Agora, eu faço o que nunca fiz
Andei com fé e me desapeguei
Acostumei a sorrir e ser feliz
Valeu o brilho da inteligência
Coração não ficou às escuras
Nas curvas fez tantas loucuras
Não parou e te deu preferência
Moça, quem muito fala não faz
No amor não viva de migalhas
Seja seletivo em suas batalhas
Melhor estar certo ou em paz?
Fingir tão completamente
Precisar os outros dominar
Igual a dos outros precisar
O mandão é o dependente
Êxito da vida não tem medida
Não é conquista ou resultado
Pro coração, moça comedida
É o caminho que terei trilhado
Poesia não é pra compreender
O meu poema é pra incorporar
Ser parede é somente entender
Seja a árvore e você vai gostar
Ler poema é como me beijar:
Morena, faça com frequência
Guardará do moço paciência
É na língua que você vai notar
O amor não aperta como nó
Não é sufoco sequer cansaço
Coração, meu amor é um laço
É um abraço, chamego, xodó
Se olho pra fora eu sonho
Que o coração fique alerta
Pois, coraçãozinho risonho
Olha pra dentro e desperta
Se a ave com a pedra falasse
E as rãs falassem com a água
Morena, amor me entregasse
Seria o rio que no teu deságua
Amor não se conjuga no passado
Morro de amor, continuo vivendo
Morena, e o meu coração batendo
Fazendo tum-tum, tá apaixonado
Baseado nos pensamentos de: Mário Quintana, Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Luiz Gonzaga, François René Auguste de Chateaubriand, Clarice Lispector, Leila Navarro, Fernando Pessoa, Bezerra de Menezes, Abraham Lincoln, Carl Gustav Jung.