SÁTIRA ENGRAÇADA- 01 ( Sobre a chegada de Lampião no céu).

Lampião que aqui viveu,

Em trinta e oito morreu,

E ninguém o recebeu,

Ao passar pra outra vida,

Aqui não fez despedida,

Ninguém sabe onde está,

No espaço ele não ficou,

E nem para terra voltou,

Quem sabe onde foi parar?

Lampião chegou no céu,

Prendeu o anjo Gabriel,

Encrencou com Samuel,

Querendo entrar na marra,

Dizendo vou fazer farra,

Cantando mulher rendeira,

Com a peixeira na mão,

Tentou quebrar o portão,

Pôs os santos na carreira.

Tava bravo se babando,

A todo o céu afrontando,

Anjos ficaram olhando,

Toda aquela confusão,

Pois o valente lampião,

Lá de fora esbravejava,

Se não me deixar entrar,

Vou quebrar esse lugar,

Santo nenhum enfrentava.

Ninguém ajudou o porteiro,

A espantar o cangaceiro,

Nem o são Jorge guerreiro,

Que tinha matado o dragão,

Quis enfrentar a lampião,

Com toda naquela valentia,

Correu montou no cavalo,

Foi-se embora num estalo,

Como se fosse ventania.

Mas depois de muita luta,

Mesmo com essa conduta,

Chegou então santa Lucia,

Nos arredores do portão,

Mas quando viu Lampião,

Disse vou chamar são Pedro,

Pra resolver esse tormento,

Correu a seus aposentos,

Gritou apontando o dedo.

Então acordou são Pedro,

Contou pedindo segredo,

Pois a pobre tinha medo,

De ter dado sua opinião,

Com respeito a Lampião,

Que tava louco pra entrar,

Contou quem era o sujeito,

E tudo que ele havia feito,

Pra são Pedro ponderar.

São Pedro então ponderou,

E um grande livro pegou,

Seus registros examinou,

Resolveu sem mais apelos,

Vou reunir meu conselho,

Pra tomar uma decisão,

Convocou todo o pessoal,

Acontecimento anormal,

Para o caso de lampião.

E depois de cinco horas,

O conselho foi embora,

São Pedro saiu lá fora,

Para dar seu veredicto,

O circo estava bonito,

Estava grande a multidão,

Era santo pra todo lado,

Pelo portão pendurado,

Pra contemplar lampião.

Nisso São Pedro chegou,

E o tumulto então cessou,

Quando a trombeta tocou,

Houve ali grande silêncio,

São Pedro disse a são Bento,

Leia tudo que está escrito,

Pois está bem explicado,

Todos os altos lavrados,

Desse grande veredicto.

Lampião então sentou,

Sua cabeça abaixou,

E atentamente escutou,

O que são Bento falava,

E tudo que ele relatava,

Dos tais atos de Lampião,

Feito quando cangaceiro,

Do último até o primeiro.

Falando com convicção,

Assim São Bento findou,

O prólogo que começou,

E o grande livro fechou,

Depois de toda a leitura,

Dizendo que tal criatura,

Não era permitido entrar,

E entregou a Lampião,

Carta de recomendação,

Para ir pra outro lugar.

Disse ainda São Bento,

Ali naquele momento,

Pra levá-lo ao aposento,

Já tem ai uma condução,

Foi quando viu Lampião,

O carro preto encostado,

Viu nele os cangaceiros,

Todos seus companheiros,

Pra o lugar determinado.

Assim partiu Lampião,

Com todo seu batalhão,

Desceu feito turbilhão,

Pro tal lugar reservado,

Assim pra lá foi levado,

Mas nada teve a dizer,

E quanto a sua chegada,

A essa sua nova morada,

Leia o próximo pra saber.

Cosme B Araujo.

21/09/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 21/09/2013
Reeditado em 21/09/2013
Código do texto: T4491678
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