Água de cacimba
A água do mar não é doce
Só um veio d’água eu tive
Peixe fora d’água não vive
De pouca água, acabou-se
Eu não entro em gelada
Não falo miolo de pote
Na rima não fujo do mote
No cordel da alma lavada
No mar é água-marinha
Sapoti dá água na boca
Na seca a água é pouca
Água só enche quartinha
Eu só bebo água mineral
Só uso água de colônia
Usar água é parcimônia
A água é meu sumo vital
Minha morena é do rio
Onde a onça bebe água
E pra curar sua mágoa
Meu cordel é o desafio
Meu vício é aguardente
É a paixão que me mata
E se não mata, maltrata
Mas, eu morro contente
Morena é uma cachaça
Bebo com água de coco
Bebi um gole, foi pouco
O teu amor é manguaça
A água é incolor e inodora
Água entre as pedras corre
Que entre os dedos escorre
E para o mar vai-se embora
Minha água tem seu sabor
Perfume de água de cheiro
Nas águas do Rio de Janeiro
Um banho de mar é frescor
Eu bebo normal ou gelada
A água é doce como uva
Pau d’água é muita chuva
Tromba d’água é pancada
Natureza é ciclo da água
Na igreja tem água benta
A água é paz e tormenta
No teu rio o meu deságua
A cacimba é de água boa
Na morena tenho uma sede
Nós dois no balanço da rede
Curtindo e sorrindo à toa