CORDEL – Termos e expressões nordestinas - Letra “A” – 24.05.2013
Meus amigos, boa noite! Desde maio próximo passado que tenho em mente fazer esse cordel, aproveitando palavras e expressões ditas pelo nordeste do país. São muito mais de cinco mil delas. Seria uma missão quase descomunal querer abrigá-las aqui no meu modesto trabalho, todavia, vez por outra, vou publicar um cordel nesse sentido, esperando a compreensão de todos. Inexiste qualquer intenção de minha parte em criticar quer as palavras quer as cidades ou o povo que delas usam.
CORDEL – Termos e expressões nordestinas – Letra “A” – 24.05.2013
Elisão optativa
Sem mote
O nordeste é rico em termos
Palavras e expressões
Mas apesar de sempre ermos
Valem nossas tradições
“Ababacado” é panaca
Ou ter cara de leseira
Também pode ser babaca
Sendo tolo a vida inteira
Tem também o “Abacaxi”
Sujeito duro da peste
Não mexe nem os quadris
É sempre assim no nordeste
Dançar ele nunca sabe
Nem segurar a mulher
Nenhum lugar não lhe cabe
Sobra, pois nenhuma quer
Temos também a “abadessa”
Que aqui é autoridade
Muito mais que a condessa
Essa é a pura verdade
Dona, sócia ou gerente
De bordel ou cabaré
Ganha o dinheiro da gente
E nos chama Zé Mané
Lá vem o “abafa banana”
Uma roupa singular
Pesada para sacana
Grossa mesmo de lascar
Veste que muito esquenta
Fazendo muito calor
Nenhum pobre se sustenta
Sua que faz um horror
Na Bahia, por exemplo,
Digo com muita clareza
Salvador que só tem templo
Lindo com muita riqueza
Tem o tal de “abafa banca”
Preferido em cabaré
E no sabor da potranca
Não passa dum “picolé”
O que se diz “abafado”
É só um fruto verdoso
Que na marra é maturado
Daí resulta pomposo
Num pano é enrolado
Guardado numa vasilha
Recipiente fechado
Onde lá ele fervilha
Mas aqui em Pernambuco
O sentido é diferente
O cabra pega o trabuco
E derruba muita gente
Aqui é um irritado
Que fica de raiva plena
Cada dia mais zangado
Com a tal “gota serena”
Quando um sujeito enfeitado
Roupa de cores berrantes
Por aqui vai ser zombado
Sabe-se que vem de Abrantes
Uma cidade baiana
Por isso é logo chamado
Assim falou a cigana
Chegou um “abaianado”
Tanto pode ser “a balde”
Ou até mesmo “a bambão”
Trata-se de quantidade
E quiçá grande aptidão
A balde no Piauí
Qualidade sim das boas
Conhecidos por aqui
A bambão em Alagoas
E logo chega o “abelha”
Escorado e preguiçoso
Que sempre lhe dá na telha
No trabalho um perigoso
Voa que só passarinho
Escora-se ao companheiro
Faz cera com seu jeitinho
A mamar nosso dinheiro
Mas não fico por aqui
O rosário é bem maior
Tem muito mais para ti
Mas não conheço de cor
Quero falar do “abestado”
“Patureba” pode ser
Ou mesmo abestalhado
Quem quiser pode escolher
Ansilgus
05/10/13 09:51 - LUIZ MORAES
Diante da coletânea
Desses termos e expressões
Uma forma espontânea
De falar noutros padrões
Eu fico de boca aberta
Pois não têm no dicionário
Mas chega na hora certa
Ganha o meu vocabulário.
Valeu poeta, bela iniciativa.
Parabéns! Forte abraço.