Cordel da alegria

O poeta tem sede e fome

Mas, vive de vinho e pão

Alegria, agora meu nome

E o sobrenome é paixão

Desamo tudo o que corrói

Passa tudo o que já não é

E a dor que já não me dói

Aquela antiga, errônea fé

O ontem que a dor deixou

Que não me deixou alegria

Pássaro que se foi, e voou

Passarim, hoje é novo dia

Felicidade é um passarinho

Melhor ser alegre que triste

É a melhor coisa que existe

Pois, felicidade é o caminho

No guarda-roupa da alegria

Guardo emoção em cruzeta

Minha alegria é uma gaveta

Tá cheia e já não fica vazia

Se um dia você me mandou

Ser quem era eu não gostei

Eu não sabia o que agora sei

Quando mudei tudo mudou

A autêntica felicidade

É ser feliz sem motivo

No polegar sinal positivo

Do teu sorriso, verdade

Morena, não chore de mágoa

Não viva afogada em agonia

Tempestade em copo d'água

Não cabe no cordel da alegria

Menina, se acaso você disser

Que no sonho comigo é feliz

Sonhar contigo é meu mister

Serei aquele que sempre quis

Na vida o melhor é escolher

O risco do amor vale a pena

Eu escolho, então, a morena

Aquela que alegra meu viver

O que interessa ao futuro?

O velho ou o novo conceito

Mudar também é “me aceito”

Mudei, coração, te asseguro

Alegria é um sentimento

A poesia é uma exultação

Sorriso é contentamento

Cordel, prazer, satisfação

Alegria é uma peça teatral

Do Circo de Soleil, produção

Esperança, sorriso, emoção

A alegria é o tema principal

Político usa mal o poder

Um rei é tirano e ditador

Político é quase um ator

Mas, a obra ninguém vê

Espetáculo é a inspiração

Sermos melhores pessoas

Alegria, as coisas são boas

Passagem na vida é missão

Horrores do nosso passado

E o acaso do nosso futuro

Não fique em cima do muro

E pense, não seja pensado

História de um reino distante

Um reino triste e decadente

Sem rei, de monarca ausente

E a luta pelo poder é pulsante

Pessoas querem o poder

Para trazer prosperidade

Instala-se a crise na cidade

Agora, o que vamos fazer?

O velho ou o novo preceito?

Os atos são claros ou sutis?

Mudar, conservar, quem diz

Naquele reino sem prefeito?

E a trama de perseguições

Forma o enredo principal

Lutas e também seduções

O circo é uma peça teatral

Recolha-se na intensa alegria

Não fale para não dispersar

Que às vezes é melhor calar

E o silêncio faz bem, terapia

Ignore o pouco que lhe falta

Goze com o pouco que tem

A alegria é produto em alta

Que lota o meu armazém

Para o triste uma alegre toada

Não me alegra o poema triste

A alegria já vem embrulhada

Papel da tristeza não resiste

A canção é a poesia alada

Reflete o que a alma tem

O cordel é da alma lavada

É morena de asas, amém!

Guardo do tempo feliz minuto

Teu cordel é árvore e caminho

Meu prazer é roubar teu fruto

E saboreá-lo bem devagarinho

As pessoas que Deus nos dá

É pra aprendermos a alegria...

Se sozinho sou capaz de amar

Imagine nós dois, que seria?

Ao passar é sinal de alegria

O sorriso é alegria na boca

Morena, tá marcando touca

Quero te ver feliz noite e dia

A tristeza não tem pedigree

Eu tenho alegria à vontade

Uma forte raiz eu descobri

Sustenta a árvore liberdade

Cordel da alegria é o trabalho

Eu levantei com ele bem cedo

De manhã eu senti o orvalho

Deus me apontou com o dedo

Dar a mão àquele que erra

É sempre receber alegria

Não houvesse paz na Terra

Além das estrelas haveria

Dom da natureza, perfeição

A alegria de ver e entender

A minha consciência é poder

A alegria é a única salvação

Amor é dialética do divino

No barco do amor velejar

No mar da paixão navegar

Este coração de menino

O amor é um vento de graça

E aparece quando bem quer

Na sua volta a alegria abraça

A esperança é se Deus quiser

A alegria é tão privilegiada

Que paga pensão à tristeza

O amor não é uma roubada

E a taxa do sorriso é moleza

O estudo não me fez gênio

Prefiro ser gente, humano

Felicidade é meu oxigênio

E teu sorriso é meu plano

Amigo, eu vou te avisar

Cordel, tô aqui de novo

Daqui eu não me movo

Teu coração é meu lugar

A vida me ensinou a andar

Na vida tô ficando esperto

Não pergunto se é o certo

Uso o tempo pra recomeçar

E pra este cordel terminar

Parece que o tempo voou

O canto mais bonito soou

Agradeço em poder cantar

Agradecimentos: Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Mahatma Gandhi, Alice Ruiz, Falamansa (Xote da alegria e Rindo à toa), Leila Navarro, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Henri Amiel, William Shakespeare, Johann Goethe, Millôr Fernandes, Mario Quintana, João Guimarães Rosa, Chico Xavier, Pablo Neruda, Adélia Prado, Platão, Albert Einstein, Rubem Alves, Antônio Vieira, Charles Chaplin.