Morena real ou quimera?

Porque só penso em cordel

Escrevo no tom do poema

Descrevo uma linda morena

Beleza que canto em papel

Eu canto em verso e prosa

A rima combina com tudo

Morena, se calo não mudo

Tem espinho até uma rosa

É rima que vem e que vai

No cordel do sentimento

Viver é curtir o momento

Do peito a paixão não sai

Cada coisa tem sua hora

Cada hora o seu cuidado

Morena, viver ao teu lado

Um sonho contigo namora

Na rima meu verso é colado

Espero que o tempo ajude

Morena, eu tenho atitude

Há tempo pra todo cuidado

Plantei uma firme semente

Que brota regada à poesia

A planta cultivo na mente

É verde-esperança, alegria

Na planta vinga uma flor

Flor que abre, desabrocha

Paixão é o fogo e a tocha

A fonte do quase escritor

Falaste que a mente não para

De repente o franzido na testa

Morena, no meu peito é festa

Um coraçãozinho que dispara

Palavrinhas pra lá e pra cá

Morena que a tudo fascina

Teu abraço é o azul-piscina

E o meu coração pula já!

Na piscina tem água clarinha

Aquela banheira de espuma

E este poeta não se apruma

Até no cordel perde a linha

Do livro discorda de mim

Que bom ouvir teu senão

Morena, até o teu não

Merece aquele meu sim

Meu corpo o teu implora

Amar não carece timidez

Morena, teu não é talvez

Talvez seja sim, toda hora

Morena, de dia e de noite

Tua voz da mente não sai

A tua palavra é um açoite

E o teu chicote me atrai

E eu pergunto: tudo bem?

Quase ignora que existo

O olhar, não mais que isto

De um abraço não vai além

Meu verso é cordel, todo dia

Escrevo, não busco resposta

Meu poema é só uma aposta

Meu sonho é contigo, poesia

Encontro contigo todo mês

A espera é uma eternidade

Recompensa é a felicidade

Daquele abraço outra vez

Morena, suave e sincera

A tua natureza é do bem

Sou ave, poeta vem-vem

Você, verdade e quimera

Sou grato a Rachel de Queiroz