MEU PROFESSOR DE CORDEL

Eu já usei do cordel

E vou usar muito mais

Carimbando no papel

Lembranças dos ancestrais

Imprimindo na cartilha

Personagens da família

Como fiz com os meus pais.

Se eu escrevo cordel

É porque fui ensinado

Pelo poeta maior

Professor condecorado

Pela escola do verso

Que me mostrou um universo

Onde tudo é rimado.

Meu avô foi o meu mestre

No escrito popular

Sem papel e sem caneta

Fez o seu neto rimar

Boêmias rima com fêmeas

Rimas são palavras gêmeas

Parecidas no falar.

Me disse que os versos

Estão todos fecundados

Não é preciso esforço

Para serem criados

Pois no ventre da inspiração

Dão a luz a composição

E nascem todos rimados.

Me disse que os poetas

Repentistas e cantadores

Tinham a emoção em punho

No combate a mágoa e dores

Que poesia tem a cor e a textura

De um cardeiro plantado na cultura

Sob o sol quente dos compositores.

Meu avô foi fartura de avô

Foi um feixe de motes de alegria

Foi lavoura verde no roçado

Roçado em flor de sua Maria

Foi almoço de rimas bem servidos

Foi pirão de versos bem cuzidos

Em um prato cheio de poesia.

Ebenézer Lopes.
Enviado por Ebenézer Lopes em 26/10/2013
Código do texto: T4543175
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