O amor é o desafio

Amor não se conjuga no passado

É assim que conjugo verbo amar

Amor é pra sempre, é um gostar

Ou nunca no amor terei amado

O cordel, morena, meu desafio

Nada muda se você não mudar

Minhas águas correm pro teu rio

E teu rio, morena, corre pro mar

Que o repente é música, poesia

Nordeste é a nação do trovador

Neste verso eu conjugo o amor

Improviso no repente a alegria

O canto solitário é uma entoada

O aboio me desperta, é novo dia

E eu construo alicerce e calçada

Desta casa que se chama poesia

No repente a métrica é a alegria

Meu canto é o som acompanhado

Neste canto o pandeiro foi usado

É embolada, se é viola é cantoria

Cada coisa tem sua hora e cuidado

Nós amamos é verbo que combina

Morena, se te amar for minha sina

Eu te amo, tu me amas, sou amado

Que desafio, morena, competição

Na disputa todo bem vence o mal

Jogo da vida, não há improvisação

E no cordel já formamos um casal

Obstáculo é melhor que problema

É coisa que deva ser ultrapassado

O desafio é te cantar neste poema

Como eu queria só rimar a ti colado

A ocasião é mesmo grande barreira

Se criei, eu superei na competência

Na corrida é coragem uma bandeira

Sou maratona e tu és a resistência

Que no duelo não sou oponente

Serei o companheiro de jornada

O poeta e o cantador de repente

Que meu desafio é poesia alada

O cordel em folheto é cantada

O desafio do amor é meu mote

O repente é uma poesia e toada

Versos que embrulho em pacote

O versinho que criei sem demora

É uma trova que guarda segredo

Poema, apenas, não tenha medo

É poesia, morena, vamos simbora!

Gracias a Fernando Pessoa, Leila Navarro y Rachel de Queiroz