O PADRE E O BÊBADO NA MISSA.

Um velho padre vivia,

Pelo Brasil viajando,

Nos recantos do sertão,

O evangelho pregando,

Nos lugares que chegava,

Muita gente se ajuntava,

Só pra ouvi-lo falando.

Certo dia ele chegou,

Num pequeno povoado,

Lá no sertão piauiense,

Onde estava preparado,

Dezessete casamentos,

E depois de tal momento,

Quase trinta batizados.

O padre rezou a missa,

Num local improvisado,

Pois ali não tinha igreja,

Por ser todos agregados,

Mas na hora do sermão,

Começou a confusão,

E o bafafá foi formado.

Era muito conhecido,

O texto do tal sermão,

Ele foi lido em voz alta,

Pra toda a congregação,

Mas a coisa se agravou,

Quando o padre trocou,

Creio que sem intenção.

Pois relatava o milagre,

Que Jesus Cristo realizou,

De cinco pães e dois peixes,

E a multidão alimentou,

Tudo caminhava normal,

Mas o padre se deu mal,

Com os zeros que colocou.

Jesus quando esteve aqui,

Fez aos homens coisas boas,

Fez curas e muitos milagres,

Essa história ainda soa,

Dois mil peixes multiplicou,

A cinco mil pães ajuntou,

E alimentou cinco pessoas.

E sobraram doze sextos,

Cheios de pedaços de pão,

Comeram até se fartarem,

Toda aquela multidão,

E muitos que ali ouvia,

O velho padre aplaudia,

Ao terminar seu serão.

O bêbado que estava ali,

Ouvido toda a mancada,

De o padre trocar as bolas,

E se meter numa roubada,

Gritou batendo no peito,

Pois milagre desse jeito,

Eu faço até de madrugada.

O padre então se assustou,

Com todo aquele alvoroço,

Botaram o bêbado pra fora,

Foi feio o angu de caroço,

Então lhe falou o sacristão,

Padre o senhor no sermão,

Fez errado o seu esboço.

Disse o senhor inverteu,

As quantidades de pão,

Também o tanto de peixes,

Feito nessa multiplicação,

Pra resolver o problema,

Amanhã no mesmo tema,

Inverta a sua explicação.

No outro dia o tal local,

Ficou repleto de gente,

Batizado e casamentos,

Foram feitos de repente,

Mas o padre se avexou,

Quando de lá enxergou,

O tal bêbado ali presente.

E lá se vai o velho padre,

Falar o mesmo sermão,

Porem já no pensamento,

De mudar a explicação,

E assim o padre começou,

O texto inteiro abordou,

Com eloquente precisão.

Jesus quando esteve aqui,

Ele fez muitas coisas boas,

Com apenas dois peixinhos,

E cinco pães, feitos broas,

Orando ali os multiplicou,

E com isso ele alimentou,

Mais de cinco mil pessoas.

Todos diziam amém,

Ao ouvir a pregação,

O padre todo eufórico,

Disse desfiz a confusão,

Mas deu sopa pro azar,

Quando permitiu falar,

O bêbado na ocasião.

O bêbado que ali estava,

Não se conteve e gritou,

Tá certo seu reverendo,

O senhor bem explicou,

Mas milagre desse jeito,

Digo com todo respeito,

Eu também faço senhor.

Disse o padre então me diga,

Como é que o senhor faria,

Pra alimentar uma multidão,

Que varias horas não comia,

O senhor poderia me dizer,

Como a multidão conter,

Se pouco pra comer havia.

Disse o bêbado é só pegar,

O que sobrou do outro dia,

Pois pelo visto sobraram,

Cestos em grande quantia,

Nem era preciso dividir,

Era só mandar se servir,

Pães e peixes a reverias.

E assim o velho padre,

Deixou o bêbado pra lá,

Foi seguir o seu caminho,

Nuca mais passou por lá,

Por certo aprendeu a lição,

O que vai pregar sermão,

Se cuide pra não errar.

Isso é um caso contado,

Que está mais pra ficção,

Mas pode ter acontecido,

Disso eu não duvido não,

Pois pra gente não errar,

Seja em agir ou no falar,

Só se não for deste chão.

Cosme B Araújo.

07/11/2013.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 07/11/2013
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