Um cordel do Sudeste
Um cordel do Sudeste
Eu não sigo estrada errada.
Minha viagem termina
ali, em qualquer esquina,
em qualquer encruzilhada,
dia claro ou madrugada.
Sou gentil e sou perdão,
porém em meu coração
não é lugar de brincar,
por isso não vou deixar
a rima cair no chão.
Eu nasci e sou assim,
carinhoso às toneladas.
Nas noites enluaradas,
canto alegre em meu jardim.
Sou igual ao querubim
voando pela amplidão,
porém entenda a questão:
sou filho do verbo amar,
por isso não vou deixar
a rima cair no chão.
Sou cantador do Sudeste,
e sempre tiro o chapéu
ao Divino lá no Céu
e ao cantador do Nordeste,
esse bom cabra da peste,
que canta lá no Sertão.
Eu nasci para cantar,
por isso não vou deixar
a rima cair no chão.
Eu sei que tenho raiz
numa praia nordestina.
De lá veio uma menina
para fazer-me feliz,
mas o destino não quis.
Já quebrei meu violão,
por viver na solidão,
porém insisto em versar,
por isso não vou deixar
a rima cair no chão.
Gilson Faustino Maia
Interação do poeta nordestino Tiago Duarte a quem agradeço:
Tu és fera nos cordéis,
Gilson petropolitano.
Vejo que tu és humano,
aqui te dou nota dez.
Sei que não sofres revés
no cordel e na canção.
Acho que teu violão
só falta mesmo falar,
por isso não vou deixar
a rima cair no chão
Tiago Duarte.