Na terra dos espertos

A terra dos espertos

Jorge Linhaça

Nesta terra o que se canta

É lixo a sair das bocas

Há luxuria e a merda tantas

A dar fama aos sacripantas

E a galera fica louca

Nesta terra de novelas

Viadagem é bem vista

Todos eles “viram” elas,

E vão enchendo as telas

E as capas de revista.

Nesta terra de malucos

Não condeno as preferências

Seja gay ou seja eunuco

Não precisa virar cuco

Anunciar-se com frequência

Nesta terra onde a cultura

Morre um pouco a cada dia

Quem quer fama faz loucura

Diz que concorrência e dura

Vai na onda da euforia

Nesta terra tão hipócrita

Falam de corrupção

Mas segundo a sua ótica

Tão infame e tão pernóstica

Gostam de molhar a mão

Nesta terra descarada

Furar fila é bonito

Seja no banco ou na estrada

Ou na vaga ajeitada

Nunca berra o bom cabrito

Se a vantagem é para si

Fazem disso bom juízo

Carapuça é pra Saci

Que se dane o bem-te-vi

Caia noutro o prejuízo

Nesta terra de canalhas

Há os grandes e os pequenos

Todos na mesma fornalha

Tecendo, aos outros, mortalhas,

Dando-lhes falsos acenos.

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá

Tem também tantas asneiras

E tanta gente fuleira

Que nem se pode contar.