VAI PRA BAIXA DA ÉGUA

No sertão da Paraíba no ano

De mil novecentos e quarenta

Pra mandar alguém pro inferno

Não mudava nem a vestimenta

A expressão que era mais usada

Até hoje o nordestino argumenta...

Vai pra baixa da égua

Com essa conversa fiada

Filhos desobedientes

Aqui não estão com nada

Aprenda a dar graças a Deus

Nesta terra abençoada...

Então vou contar uma história

Que um dia aconteceu

Já faz um bom tempo

O personagem já morreu

Teve a sua fazenda roubada

E tudo o que Deus deu...

Jovem de uma família humilde

Porém honesto e trabalhador

Pelas bandas daquele sertão

Muitos sentiam por ele amor

Nasceu no mundo pra ser dono

De um recanto lindo em flor...

O seu nome era conhecido

Por todos daquela banda

Filho de pais paraibanos

O seu coração era de Vanda

Toninho tinha um coração

Mangará que não desmanda...

Assim dizia seu velho pai

O certo não, mas o errado

É da conta de todo mundo

A verdade segue o recado

Quem tem o rabo de palha

Cuida pra não ser queimado...

Um nordestino trabalhado

A sua mente é um universo

Sabedoria transbordante

Contada ou cantada em verso

Para alegrar o povo do sertão

O qual na mente vai imerso...

No bar do seu Mané

Celestino lá chegou

Cavalgando em sua égua

E ao seu Mané falou

Seu filho é homem de bem

Meu apoio ele ganhou...

O coronel sentia muita raiva

De Tony que nunca o obedeceu

Livremente ele trabalhava

E namorava a filha do compadre seu

Mas o rapaz defendia os pobres

E a tribo indígena que sobreviveu...

Tony estava muito preocupado

Com a professora sequestrada

Então foi à casa de Celestino

Tentando resolver essa parada

Celestino conhecia muito bem

Todos os lugares e todas as estradas...

Procuraram por toda a noite

E pela manhã numa cabana

Encontraram a professora

Os cangaceiros em campana

Dormiam feitos anjinhos

Naquela situação desumana...

Tony e Celestino resgataram

A professora do cativeiro

E o coronel quando soube

E desceu o despenhadeiro

E ordenou que ajuntassem

Os cangaceiros no celeiro...

Ordenou mais um sequestro

Agora dessa vez era Vanda

Noiva de seu desafeto Tony

A linda doutora paraibana

Assim o coronel deu as ordens

Para o sequestro da semana...

Batoré apanhou e foi amarrado

E teve que confessar o local

Tony reuniu um exercito

E com cuidado cercou o coqueiral

Lugar onde estava Vanda

Em situação anormal...

O lugar do cativeiro foi cercado

Por muitos homens armados

Quando os cangaceiros perceberam

Já estavam encurralados

Mesmo assim reagiram

E choveu bala pra todos os lados...

A luta demorou algumas horas

E Vanda foi com vida resgatada

Toninho ficou muito feliz

Ao ver sã a sua amada

Morreram dezoito cangaceiros

Mas a luta não estava terminada...

Toninho foi para a fazenda

As contas com o coronel acertar

Ao se aproximar da sede

Logo se ouviu o pipocar

Foram tiros pra todos os lados

Para o sertão melhorar...

A luta foi cautelosa

E para muitos foi mortal

O coronel foi vencido

Em seu próprio quintal

Morreu como onça brava

E para o sertão foi sensacional...

O sertão agora estava

Em completa harmonia

Foi instalada uma escola

A qual funcionava noite e dia

A doutora montou seu consultório

Para aumentar mais a alegria...

Assim a baixa da égua

Foi aos poucos crescendo

Tornou-se um bom lugar

E foi cada dia se desenvolvendo

Crianças e adultos na escola

Todos estavam aprendendo...

Tony e Vanda se casaram

E dedicaram as suas vidas ao povo

Amavam com criatividades

Tudo que se chamava de novo

Assim a Baixa da Égua

Tornou-se um lugar vistoso...

Toninho tinha uma família

Respeitosa e de boa gente

Procuravam com educação

Semear um mundo diferente

Onde o povo fosse mais feliz

E o sertão mais contente...

Assim termino esses versos

Sem mandar ninguém pra o inferno

Com amor e muita coragem

Eles criaram um mundo moderno

Justiça sempre foi à prioridade

Sem abandonar o amor fraterno...

Viventes da Baixa da Égua

Vivem sempre antenados

E nesta profusão cultural

Eles estão sempre ligados

As histórias vão tecendo

Deixando o lugar mais amado...

Francis Perot

AQUI FORAM PUBLICADO APENA PARTE DESSE CORDEL

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