beijo plural

a mulher do quitandeiro

me chamou pra Portugal

ia no trem da Central

mas se tivesse dinheiro

era o mês de fevereiro

mês que dá muita saudade

a gente faz à vontade

tudo que se adivinha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

foi num forte aguaceiro

que perdi o meu sapato

fujo pra dentro do mato

água parece um chuveiro

acho um bote maneiro

remo com o João Monlevade

que apesar da idade

mostrou a força que tinha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

a tristeza do canário

dá o canto mais bonito

todo homem morre aflito

mas não faz seu inventário

o indivíduo salafrário

se apura na maldade

não conhece a hombridade

nunca foi sua vizinha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

o tempero da comida

é que dá o paladar

nem precisava casar

moça que teve guarida

o que importa na vida

é nunca ter vaidade

eu acho toda verdade

a mais bonita que a minha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

já tive um barco maneiro

mas pescador nunca fui

nunca pesquei como o Rui

nunca fui bom marinheiro

mas também do trambiqueiro

nunca tive a qualidade

vou de cidade em cidade

sempre a mais escondidinha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

qualquer menina é um doce

doce que é feito de amor

fruta que não tem sabor

não adianta a que fosse

o beijo que eu te trouxe

é o da pluralidade

mas tem a capacidade

de te deixar molhadinha

se não houver a rainha

o rei não tem majestade

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 11/02/2014
Reeditado em 12/02/2014
Código do texto: T4686296
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