Grande Circo Brasil

Grande Circo Brasil

Jorge Linhaça

Ó senhoras e senhores

Este é o circo de horrores

Cujo igual nunca se viu

A terra dos mil favores

Dos grandes enganadores

e de um povo tão servil

Venha para o picadeiro

Todo alegre e faceiro

Receber o meu abraço

Nosso povo é festeiro

Alegre, alvissareiro

E tem nariz de palhaço

Pela ordem e o progresso

Os senhores do congresso

Enchem suas algibeiras

E s'eu escrevo possesso

Minha culpa eu confesso

Já cansei da brincadeira!

Só mesmo sendo de circo

pra viver pagando mico

a cada nova eleição

A urna é um pinico

Aonde o voto, o do rico

é que manda na nação.

Quem tem grana financia

Campanhas com mordomia

Candidato é sultão

Esta tal democracia

Anda tão oca, vazia

que não vejo solução

Quando o sujeito é eleito

O pacto já está feito

É o "toma lá dá cá"!

Vereador ou prefeito

Tem que logo dar um jeito

Do financiador pagar

Governador, presidente.

Deputado delinquentes

Senadores descarados

Vivem nos mostrand'os dentes

Andam sempre sorridentes

Bem vestidos e trajados

Já o povo "cambalhota"

Paga as contas, idiota

C' o imposto arrecadado

Grita, berra, se revolta

Mas perece sem resposta

Tocado, igualzinho gado

Eu já fui um seresteiro

Do amor/paixão obreiro

Com versos bem perfumados

Mas confesso, companheiro

Qu'é tanto bicho rasteiro

Que mudei o meu traçado

É tanta a patifaria

Que me falta a alegria

Para um verso pueril

Eu, palhaço, que ironia

Deixei de ser minoria

No grande Circo Brasil.

Salvador, 27/06/2012