* A brasa solitária *

Um homem ia sempre aos serviços

Dominicais de sua congregação.

E começou a achar que o pastor

Fazia sempre a mesma pregação.

E a igreja parou de frequentar.

Um dia o pastor foi lhe visitar.

E fez-lhe uma grande pressão.

- Deve ter vindo para tentar

Convencer-me a voltar.

Pensou ele consigo mesmo.

Antes do mesmo alguma coisa falar.

De rente veio em sua imaginação

Que não ia dizer a razão

Dos sermões que estava a pregar.

Precisava encontrar uma desculpa,

Então ele colocou duas cadeiras

Para sentarem na varanda

Em frente de uma linda lareira.

E falar sobre o tempo começou.

E não dizia nada o pastor.

Ele jogava conversa de bobeira.

A conversa estava desajeitada,

O pastor nada falou.

Depois de tentar puxar conversa

Ele também se calou.

Os dois em silêncio ficaram,

Talvez meia hora passaram,

Observando o fogo que se formou.

Então o pastor se levantou,

E pegou um galho não queimado,

Afastou uma brasa, pensativo.

Colocou-a um pouco afastado

Longe do fogo da lareira.

E voltou a sentar na cadeira

E novamente ficou calado.

Ela não pode continuar queimando,

Então começou a apagar.

Depressa o homem levantou

De volta a lareira foi jogar.

- Boa noite – Disse o pastor,

Já estar tarde, eu já vou.

Dirigiu-se para a porta atravessar.

- Boa noite e muito obrigado!

– Respondeu o homem ofegante.

– A brasa longe do fogo,

Por mais que ela seja brilhante,

Ela se extinguirá rapidamente.

Assim também é a gente

Longe dos seus semelhantes.

Por mais inteligente que seja,

Não conseguirá conservar

Seu calor e sua chama.

Percebeu que assim não dá.

Voltarei à igreja no domingo.

Não é justo ficar me excluindo

Preciso ao rebanho me juntar.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 04/04/2014
Reeditado em 04/04/2014
Código do texto: T4756140
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