* A última viagem *

Era tarde da noite, quando...

O taxista recebeu o chamado.

Dirigiu-se para a rua definida

E número indicado.

De um prédio simples se tratava,

Com uma única luz que dava

Para o andar térreo chamado.

Pensou em buzinar e aguardar.

Mas também pensou que alguém

Que chamasse o táxi, tão tarde,

Poderia estar com pressa também

Ou alguma dificuldade.

Naquela terrível cidade

Resolveu ir mais além.

Saiu do carro, foi até a porta,

E a campainha tocou.

Ouviu som de algo se arrastando,

E uma voz débil dizer já vou.

- Estou indo, aguarde um momento,

Tenho pouco movimento

Espere-me, por favor!

Uma senhora idosa, pequena,

Com um vestido estampado,

Quase não abria a porta.

Tremendo um bom bocado.

Equilibrava-se em uma bengala,

Ele ficou a observá-la

Um tanto admirado.

Ele olhou para dentro e percebeu

Que os móveis estavam cobertos.

- Pode me ajudar com a mala?

Disse com um sorriso aberto.

Ele apanhou a mala da passageira

Que entrou no táxi, ligeira.

E lhe forneceu o endereço certo.

- Pode ir pelo centro da cidade?

Quero ir admirando

- Mas esse caminho é o mais longo,

Observou o taxista comentando.

- Não tem nenhuma importância,

Não a vejo desde minha infância

Quero ir á saudade matando.

Não tenho pressa nenhuma.

Desejo olhar a cidade,

Talvez pela última vez.

Não me tire esta felicidade.

Estou indo para um asilo,

Porque não tenho nenhum filho

E já sou de muita idade

O taxista, que tinha dado a partida,

Desligou o taxímetro, sutilmente.

Olhou para trás, fixou-a nos olhos,

E perguntou calmamente:

- Aonde a senhora gostaria de ir?

Levo-a aonde preferir

E vou dirigir lentamente.

E ele a levou até um prédio,

Na área central da cidade.

Ela mostrou o edifício

Onde trabalhara na mocidade.

Fora ascensorista, quando mocinha.

Mas não era tão novinha

Uma profissional de responsabilidade.

Depois, foram a um bairro,

Onde ela recém-casada,

Morou com seu marido.

Mostrava entusiasmada

Apontou um clube onde dançou,

Com seu inesquecível amor,

E como fora apaixonada.

De vez em quando, ela pedia,

Que ele fosse mais devagar

Ou parasse em algum edifício.

E ficava a comentar.

Parecia olhar na escuridão,

No vazio de seu coração.

E suspirava a olhar.

Assim, as horas passaram,

E ela um manifestou:

- Agora eu estou pronta.

Vamos para o asilo, por favor.

Era uma casa por árvores cercada.

Mas ela foi recepcionada,

De forma cordial por um senhor.

Depois numa cadeira de rodas,

Ela do taxista se despediu.

- Quanto lhe devo senhor?

- Nada, disse ele e sorriu.

É uma cortesia minha.

E para essas bandas, já vinha.

E assim se despediu.

- Você tem que ganhar a vida,

É seu trabalho meu rapaz!

- Há outros passageiros, ele disse.

Desejo-lhe que fique em paz.

E, sensibilizado, se inclinou,

E a senhora abraçou

Ela o beijou e disse mais.

- Você deu a esta velhinha

Um grandioso presente.

Deus o acompanhe e o abençoe.

Não sei se nos veremos novamente.

Naquela noite pelo o que aconteceu,

Não mais trabalhar ele resolveu.

Ficou a cismar veemente.

E se tivesse apenas tocado a buzina

Duas ou três vezes e ido embora?

E se tivesse recusado a corrida,

Pelo adiantado da hora?

E se tivesse querido encerrar

O turno, apressado sem pensar,

O que teria sido daquela senhora?

Deu-se conta da riqueza

Que é ser gentil e ajudar a alguém.

Dois dias depois, retornou ao asilo.

Desejava saber se ela estava bem.

Como andava a sua passageira.

Que a conheceu daquela maneira

Ela havia partido para o além.

Se pensamos que grandes momentos

São motivados por grandes feitos.

Contudo, existem coisas mínimas,

Que nos deixam satisfeitos

Representam muito para uma vida.

Quando nos pega desprevenida.

Nos deixam ás vezes sem jeito.

O importante é estar atento,

Para não perder essas oportunidades

De dar felicidade a alguém.

Mesmo que seja um passeio na cidade,

Uma ida rápida ao cinema,

Uma simples volta pequena,

Um bate-papo num final de tarde,

Um telefonema na calada da noite.

Um gesto quase insignificante.

Pense nisso! E esteja atento,

Para as coisas menos importantes.

Elas podem representar para alguém,

Toda a felicidade também.

E isso é muito gratificante!

Dedique alguns minutos

De seu tempo para se doar

E despertar a felicidade em alguém,

Isso ajuda também a melhorar

Não somente a outra pessoa

Como a si próprio numa boa.

Faça isso agora, vamos lá!

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 16/05/2014
Código do texto: T4808947
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