CORDEL MOTE. 52- NINGUÉM HÁ IGUAL A MIM.

Não sou tão inteligente,

Reconheço infelizmente,

Já sei que nasci sem dente,

E tenho muitos defeitos,

Mas procuro ser direito,

Preciso do amor enfim,

Só não quero amor fingido,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Na guerra já fui guerreiro,

Já fiz farra sem dinheiro,

No samba bati pandeiro,

Ensaiando em batucada,

Na orla fiz minha estada,

Toquei gaita e bandolim,

Mas só onde é permitido,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Tenho dentro da cachola,

Aprendi não ser gabola,

Porem eu não sou frajola,

Pra viver entrando em fria,

Não espanto a freguesia,

Ante o toque do plim plim,

Só não sei ser atrevido,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Já passei a adolescência,

Deixei pra trás a inocência,

Adquirindo experiências,

Pra ter ama vida regada,

Levando muita pancada,

Em um mundo de Caim,

Safando-me dos perigos,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Tenho o dom da poesia,

E deus me deu alegrias,

Pra que eu viva cada dia,

Sem fazer tanta besteira,

Embora tenha canseira,

Pois nesse mundo é assim,

Cada um tem seu umbigo,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Sou mesmo adepto do bem,

Que já avancei muito além,

Choro pro que vive aquém,

Do impoluto padrão social,

Pois nesse mundo é real,

Não reclamo por ser assim,

Por isso avançando eu sigo,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Ter medo e bem diferente,

Que ser covarde somente,

Nunca faz mal ser prudente,

Quanto a agir por impulso,

Por isso eu não vivo avulso,

Que nem pessoas chinfrim,

Procuro ser sempre amigo,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Eu já fiz de tudo um pouco,

Rolei pedra arranquei toco,

Nasci num mundo caboclo,

Porem sem medo de nada,

Na vida já dei encontradas,

Com muitos sujeitos ruins,

Dizem que sou bom partido,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Cresci pra ser peladeiro,

Vivo sem ter paradeiro,

Mas sou muito verdadeiro,

Com as coisas que acredito,

Nunca me achei tão bonito,

Mas não sou tão feio assim,

Se me ignoram eu não ligo,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Das fadigas fiz meu fardo,

Mas nem por isso me gabo,

Nem tento esconder o rabo,

Pra discorrer da vida alheia,

Que horror que coisa feia,

Quem dos outros fala enfim,

Pra isso nem conte comigo,

Por essa razão lhes digo,

Ninguém há igual a mim.

Cosme B Araujo.

04/07/2014.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 04/07/2014
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