Mané X esperto

Um sujeito revoltado

Com o que a vida lhe fazia

Sentindo-se injustiçado

Dizia muita heresia

Chamavam ele de Mané

Pois parecia abestalhado

Não tinha sorte com mulher

Era um tremendo um azarado

Tratava as pessoas bem

E tinha resposta pronta

Se magoado por alguém

Dava-lhe o troco da conta

Um amigo do Mané

Achando-se muito astuto

Quis botá-lo no boné

Proferindo alguns insultos

Uma brincadeira de mau gosto

Que ao Mané magoou

Causando-lhe grande desgosto

E a amizade abalou

Houve troca de ofensa

Uma tremenda agonia

Parecia uma doença

O que um ao outro dizia

Dizia o amigo do Mané

Para vê-lo enraivado

Vou dançar e beber mé

Se tu morrer desgraçado

Vou chamar um sanfoneiro

Pra tocar a noite inteira

Faço festa no terreiro

Com comida e bebedeira

Vai ter uma moça bonita

Para servir o café

E ainda outra que grita

Viva a morte do Mané!

E na hora do enterro

Eu vou querer discursar

Vou mandá-lo pro inferno

Pois lá é o teu lugar

Mas, quem diz o que quer

Escuta o inusitado

E pra isso o Mané

Já estava preparado

Sem rebolo e sem tardança

Respondeu para o rival

Pode perder a esperança

De ir ao meu funeral

Porém quando você morrer

E eu souber a notícia

Não irei aparecer

Nem por ordem da polícia

Vou esperar calmamente

Que cheguem o dia e a hora

De ver o choro dos seus parentes

Levando você embora

E se alguém perguntar

Por que não apareci

Tranquilo eu vou falar

Não foi porque me esqueci

E ainda vou explicar

Eu sou um cara sensato

No meu modo de pensar

Quem enterra fezes é gato.

Iranil J Azevedo
Enviado por Iranil J Azevedo em 16/07/2014
Reeditado em 31/07/2014
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