O CEGO DE JERICÓ

Pedra- PE, 14 de abril 2014.

01 Estando Jesus andano

Pras bandas de Jericó

Tinha um cego mendigano

Que dava até grande dó.

Tava à beira da estrada

Com as roupas toda rasgada

Empoeirado, grudendo.

O pessoal que passava

Nenhuma atenção dava

Para aquele rabugento.

02 Derna o seu nascimento

Carregava a desgracença.

Tava sem alma, alento

E era cego de nascença

Só três coisa levava:

Uma vara que o guiava

Uma capa, uma bacia.

Seu nome era Bartimeu

Por tanto o desejo seu

Era ver a luz do dia.

03 Nada lhe dava alegria,

Somente tinha tristeza.

Passava assim o dia

Por toda a redondeza

Com a bacia na mão

Esmolando com razão

Um pouco de alimento.

Pra todos que ali vivia

Servia de anarquia

O cego de nascimento.

04 Mas houve certo momento

Que sua sorte mudou

Estava muito atento

Quando assim escutou

Um conversêro danado

Foi ficando agastado

E com as urêa em pé.

Às pessoas que passava

Ele assim interrogava

Querendo saber o que é.

05 Disse a um:- cabra de boa fé

O que danado é isto?

- É Jesus de Nazaré

Que todos chamam de Cristo.

Que por aqui tá passando,

Disse o home o ignorando

E ele botou pra berrar.

Dizendo forte assim:

- Jesus tem pena de mim

Pois quero munto enxergar!

06 Mais alto pôs a gritar

Deixando o povo aturdido.

E o Mestre só a passar

Fazendo-se despercebido.

O povo o repreendia:

- Oxe! Deixe dessa agonia

Deixe o home em paz!

E mesmo assim nem ligava

Por mais que o impatava

Ele gritava ainda mais.

07 Jesus deu um passo atrás

Ficou munto encabulado

Com a fala do rapaz

Qu’ele tinha escutado.

De repente ele parou

E ao povo mandou

Buscar o tal indigente

Que à beira do caminho

Ficava ali sozinho

Mendigando, sem parente.

08 Chegaram uns cabra valente

Para perto do coitado.

Lhe disseram tão somente:

- Levante-se seu condenado

Que o home tá lhe chamando.

O cego foi se levantando

Sua capa fora jogou.

Ingualsín a um caçote

Deu um grande pinote

De Jesus se aproximou.

09 Este então lhe perguntou:

- Que queres que eu te faça?

O cego se emocionou

E foi ficando sem graça.

Aproveitou a ocasião

Em meio à multidão

Lhe disse com tal fervor:

- diante de todo mundo

Lhe peço nesse segundo

Que eu enxergue senhor!

10 Portanto o Salvador

Como calma, sem aperrêi,

Alimentado d’amor

Mostrou para que vêi.

Atendeno o tal pedido

Daquele ismiliguido

Rabugento, esmolé.

Disse sem pestanejar:

- Quero que volte a enxergar

E veja o dia com’ele é.

11 E foi ficando de pé

Com a vista embaraçada

Viu Jesus de Nazaré

Sentado naquela estrada.

Pulando de alegria

Jogou fora a bacia

A vara que o guiava

De braço ao céu erguido

Exaltava-o com bramido

E a Deus Glorificava.

12 O povo que ali estava

Que viu o acontecido

Também o acompanhava

Naquele louvor querido.

Ficaram tão abismados

Boquiabertos, admirados

Com a tamanha proeza.

Seguia-o na santa trilha

Contando as maravilha

Por toda a redondeza.

13 Realizada a proeza

Jesus Cristo se retirou,

Olhou o cego com firmeza

E assim lhe abençoou.

Depois disso Bartimeu

Nunca mais se submeteu

A viver naquela escória.

Seu encontro com Jesus

Foi, no entanto a luz

Que mudou a sua historia...

Leoníres Di Olliveira.