* Ouvindo conselhos *

Um casal recém-casado e pobre

Viviam num sítio do interior.

Um dia o marido disse a esposa:

— Querida eu vou viajar, meu amor.

Quero arrumar um emprego e trabalhar

Até ter condições para voltar

E te dar ávida que sempre sonhou.

Uma vida mais digna e confortável.

É tudo que quero te dar

Só peço que você me espere

Que um dia irei voltar.

E, enquanto eu estiver fora,

Seja fiel a mim, toda hora.

O tempo que longe eu ficar

Pois eu serei fiel a você.

Assim sendo o jovem partiu.

Andou muitos dias a pé,

Até que numa fazenda saiu.

Encontrou um fazendeiro

Que precisava de um vaqueiro

Ele este posto assumiu.

O jovem ofereceu-se para trabalhar,

E fez um pacto com o patrão,

O pacto seria o seguinte:

— Não quero receber um tostão.

Deixe-me por um tempo trabalhar

E quando eu quiser me afastar

O Senhor me dispensa nesta ocasião.

— Eu não quero receber o meu salário.

Peço que o coloque na poupança,

Até o dia em que eu for embora.

Se o senhor me tiver confiança.

Quando eu for me dá o dinheiro

E eu sigo o meu caminho faceiro.

É nisso que ponho minha esperança.

Tudo combinado.

Aquele jovem trabalhou

Durante vinte anos, sem férias.

E nunca um descanso tirou.

Após vinte anos chegou para o patrão

E disse: - Tomei uma decisão.

- Agora embora eu vou.

— Patrão, eu quero o meu dinheiro,

Estou voltando para a minha casa.

O patrão então lhe respondeu:

— Há muito tempo já esperava.

Fizemos um pacto e vou cumprir

Tem um tempinho para me ouvir

E ambos ali conversavam.

Quero lhe fazer uma proposta:

— Eu lhe dou todo o seu dinheiro

E você vai embora hoje mesmo,

Sai andando pelo terreiro.

Ou lhe dou três bons conselhos

Eles o refletem como espelho

O que prefere primeiro.

Se eu lhe der o dinheiro

Os conselhos eu não lhe dou.

E se eu lhe der os conselhos

O dinheiro já pagou.

— No quarto, pense direito.

Que estou muito satisfeito

Pelo trabalho que me prestou.

E depois me dê uma resposta.

Ele pensou durante dois dias,

Procurou o patrão e disse-lhe:

- Sei que tem grande sabedoria

Os três conselhos me dê,

Confio muito em você

E será de grande valia.

— Se eu lhe der os conselhos,

O patrão novamente frisou:

Não lhe darei o dinheiro.

Foi isso que me confirmou.

E o empregado respondeu:

— Quero os conselhos seus.

O patrão então lhe falou:

Nunca tome atalhos em sua vida,

Caminhos curtos e desconhecidos

Podem custar a sua vida;

Lembre-se deste 1º pedido.

Embora ande um pouco mais

Sempre chegará em paz

Não terá tempo perdido.

Não seja muito curioso

Para aquilo que é mal,

Pois a tal de curiosidade

Pode até ser mortal;

Guarde a para si

Melhor vai se sobressair

E evitar o fatal.

Não tome decisões precipitadas

Em momentos de ódio ou de dor,

Poderá se arrepender mais tarde

E tarde demais mais ficou.

Pense antes de agir

Tome um tempo para refletir

Peça a intercessão do senhor.

Após dar os conselhos,

O patrão disse ao rapaz,

Que já não era tão jovem

E de seus sonhos corria atrás.

— Aqui tem três pães para você,

Dois deles é para você comer

Mas um deles não é mais.

É para comer com sua esposa

Quando em sua casa chegar.

O homem seguiu seu caminho,

Depois de vinte anos se passar

Longe de quem tanto amava.

Ele mal esperava

A hora de se encontrar.

Após o primeiro dia de viagem,

Um andarilho o cumprimentou

— Pra onde você vai amigo?

Este lhe perguntou:

— Vou para um lugar distante

Porém muito importante

Vou encontrar meu amor.

O andarilho disse-lhe então:

— Eu conheço um atalho melhor

Este caminho é muito longo,

E vejo que anda só.

Além de chegar em poucos dias.

Ainda arranjou companhia

Sente aqui e espere oh!

O rapaz ficou contente

E começou a seguir pelo atalho,

Quando lembrou do 1º conselho,

Disse: Assim eu me atrapalho.

Voltou e seguiu o caminho normal.

Dias depois soube casual

Que seu amigo entrou no malho.

O atalho era uma emboscada.

Ele quase morreu de apanhar.

Depois de alguns dias de viagem,

Achou uma pensão para se hospedar.

Após tomar banho foi dormir.

De madrugada acordou ao ouvir

Um grito forte de assombrar.

Levantou e dirigiu-se à porta

Para ir ver quem gritava.

Quando ia abrindo a porta,

Do 2º conselho lembrava.

Voltou, deitou-se e dormiu.

Ao amanhecer descobriu

Que era o único que escapava.

O rapaz prosseguiu na sua jornada,

Ansioso por chegar a sua casa.

Depois de muitos dias de caminhada...

Em fim sua casa avistava

Logo viu sua esposa também

Percebeu que ela estava com alguém

Era um homem que ela beijava.

Quando viu aquela triste cena,

Seu coração se encheu de amargura

E decidiu matar os dois.

Sua esposa e aquela criatura.

Respirou fundo, apressou os passos,

Seu coração estava em pedaços

Lembrando-se daquela figura.

Quando lembrou do 3º conselho.

Então parou, pensou, refletiu.

Dormiu aquela noite ali mesmo

A princípio foi o que decidiu.

Amanhã tomarei uma decisão

E resolvo esta situação

E nu profundo sono caiu.

Ao amanhecer com a cabeça fria

— Não vou matar ela nem seu amante.

Vou voltar para o meu patrão

E viver minha vida que é mais gratificante.

Só que antes, quero dizer pra ela,

Que eu sempre fui fiel a ela.

Dirigiu-se para casa no instante.

A esposa abre a porta o reconhece,

E o abraça afetuosamente.

Ele tenta afastá-la, mas não consegue.

Com lágrimas nos olhos, diz cautelosamente:

— Eu fui fiel a você e você me traiu...

De onde este homem saiu

Que você ama tão loucamente.

Ela espantada lhe responde:

- Como? Eu nunca te traí,

Esperei durante esses vinte anos.

Muitas saudades, senti.

Ele então lhe perguntou:

— E aquele homem que você beijou

Eu estava chegando e vi.

— Aquele homem é nosso filho.

E ela lhe disse chorando.

Quando foi embora, fiquei grávida.

Hoje vinte anos esta completando.

O marido entrou e conheceu,

Abraçou o filho e contou o que aconteceu

E um café a esposa ia preparando.

Sentaram-se á mesa para tomá-lo

E comer juntos o último pão.

Após a oração de agradecimento,

Com lágrimas de emoção,

Ao partir o pão encontra seu dinheiro,

O pagamento deste amigo verdadeiro

Por seus vinte anos de dedicação.

Muitas vezes achamos que o atalho

"queima etapas" e nos faz chegar

Mais rápido e nem sempre é verdade...

Muitas vezes nossa cara vai quebrar.

Sem saber algo direito

Fazemos coisas que não nos dizem respeito

E nada de bom nos acrescentará...

Outras vezes, agimos por impulso,

Na hora da raiva agindo.

E nos arrependemos depois...

A vida alheia invadindo

Espero que você, assim como eu,

Esses três conselhos absorveu

E muita bobagem vá banindo.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 20/07/2014
Código do texto: T4889388
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.