"LICENÇA SEU ZÉ LIMEIRA..." (SEMPRE ATUALIZANDO) Autor - Zé Roberto

Peço licença ao Mestre Zé Limeira, "culpado" por isso.

AQUÍ, ALGUMAS ESTROFES MINHAS, EXERCITANDO AO ESTILO (PORÉM MUITO LONGE) DO MESTRE ZÉ LIMEIRA. SEMPRE QUE POSSO, DEIXO UMA NOVA.

Foi num porto da Bahia

Que Dom João chegou bem cedo

Dava pra contar no dedo

A bagagem que trazia

Uma dúzia de bacia

Dois fardos de algodão

Gasolina de avião

Do café trouxe a semente

Duas bíblias uma de crente

Outra do rei Salomão

Cristo enforcou Jesus

Na beira do rio Jordão

Na noite de São João

Num galho de cipó-cruz

Comeu pirão com cuzcuz

No meio da cabroeira

Na noite de sexta-feira

Cantou prosa e rezou missa

José e Maria castiça

Diria assim Zé Limeira

No tempo da ditadura

Eu rezei pro pai eterno

Fez sol mas deu bom inverno

Plantei fava e rapadura

Veja só que formosura

A “muié” de Barbosinha

Se ela tivesse sozinha

E o cachorro amarrado

Eu levava ela prum lado

E uma cuia de farinha

O pai da aviação

Por nome Drumon Andrade

Sem dó e nem piedade

Se atracou com Lampião

Na bainha um facão

Na matula um castiçal

Gritou pra São Nicolau

Acuda-me nessa hora

Disse isso e foi-se embora

Deixando um cartão postal

Por causa da Ditadura

O Brasil foi descoberto

Um navio chegou perto

Da curva da ferradura

Dom Pedro fez a leitura

Na borda da ribanceira

Cabral trouxe uma cadeira

Sem dó e sem ter clemência

Proclamou a independência

Diria assim Zé Limeira

Jesus tirou diplomança

De doutor em curamento

No primeiro atendimento

Passou a faca na pança

Da mulher do rei da França

Pra curar a joanéte

Cego estando o canivete

A mulher sentiu cosquinha

Jesus com a cara lisinha

Disse: "nega se aquete" !!

Adão foi feito do barro

Da beira do Rio da Anta

Parou, bebeu uma Fanta

Depois fumou um cigarro

Tava passando um carro

Com Madalena e João

Ela tocando pistão

Ele com a mão nos "joeio"

Ergueu o dedo do meio

E apontou pra Adão!

O pai da "filosomia"

Por nome Tristão da Cunha

Teve encravada uma unha

Prumodi um bãi d'água fria

Gritô pra Virgem Maria:

"Valei-me meu Pai Eterno

Se não fizer bom inverno

E meu feijão não vingá

Vendo tudo que sobrá

Vou pra feira e compro um terno"

Dom Pedro e Napoleão

Combinaram casamento

Compraram apartamento

Levaram cama e fogão

Sem luz na escuridão

Foi aquela "bagunceira"

Funhaharam a noite inteira

Depois ficaram de mal

Hoje é um tal de quebra-pau

Diria assim Zé Limeira

Foi quando Napoleão

Se elegeu Rei do Egito

Menelau passou-lhe "um pito"

Abolindo a escravidão

Dom Pedro com um facão

Disse: "O Brasil tá liberto"

Lampião lá no deserto

Achou aquilo engraçado

Contratou um advogado

Seu nome era Zé Roberto

São João evangelista

Rezou a missa do galo

Foi no lombo dum cavalo

Que Jesus cruzou a pista

Desceu e mostrou a lista

Com os quinze testamento

Assoprou um pé de vento

Rasgou cinco folha escura

Só restou dez escritura

Eu digo falo e sustento

Um dia no paraiso

Vi Caim chamando Adão

Dizendo que o sacristão

Na missa deu prejuizo

Da cobra cortou o guizo

Vendeu por cem mil cruzeiro

Depois comprou um carneiro

Assou porém não comeu

Ouvi de um amigo meu

Vai chover o mês inteiro

Na cidade de Belém

Por volta de meio-dia

Vi passando uma cotia

Com um bilhete de trem

Deu duas notas de cem

Prum vendedor de peneira

Eu que voltava da feira

Vi tudo e fiquei calado

Mais um dia e tô casado

Diria assim Zé Limeira

Um artista aleijadinho

D'um pau fez esculturança

Mandou entregar na França

No lombo de um jumentinho

Não achando o lugarzinho

Se livrou do carregado

E passando num mercado

Comprou vinho queijo e pão

Passagem de avião

Com o dinheiro arrecadado

Um dia na Galeléia

Tava Pedro acocorado

Fazendo força um bocado

Nisso passou uma "véia"

"Sai pra lá sua mocréia"

Disse Pedro em alvoroço

Foi quando caiu um trôço

E Pedro desenxavido

Disse a velha: "ô trem fidido"

E saiu pisando grosso

Do cantar, foi no terceiro

que o galo deu, quando Judas

se enforcou em duas mudas

grandes d'um abacateiro.

Jesus foi quem viu primeiro,

e fingiu saber de nada.

Passou Pedro em disparada

e gritou pra São Thiago:

"Corre aqui e traz um trago,

da cachaça amarelada."

Zé Roberto
Enviado por Zé Roberto em 31/07/2014
Reeditado em 05/08/2014
Código do texto: T4904067
Classificação de conteúdo: seguro