Matuto com muito Orgulho
Não tem nada mais bonito
Que o matuto brasileiro.
É um detalhe que enfeita
E que merece respeito
Em cada canto existe
Um matuto bem matreiro.
Podia falar de todos eles
Mas vou resumir o assunto
Vou falar do nordestino
O matuto mais matuto
O que resolve na faca
O famoso cabeçudo.
Vamos falar da cidade
Que o lazer do cabeça chata
Se prepara oito dias
Pra ir na feira da Quarta
E não volta sem beber
Uma garrafa de cachaça.
Se arrumando pra sair
Ele se aprifila todo
Veste um palitó de saco
Um chapeuzinho de couro
E se alguém se mete a besta
Ele derruba no soco.
O matuto quando sai
Leva a lista pra comprar
Os cinco quilos de bucho
Os dois quilos de jabá
E o saco de farinha
Que leva para jantar.
Quando chega na cidade
É um barulho infernal
Não lebra nem de longe o sítio
Com sua paz matinal
E compara tudo aquilo
Com um enorme curral.
Quando entra numa venda
Mete logo a mão na farinha
joga um punhado na boca
Depois toma uma branquinha
E vai pra rua chumbado
Logo de manhãnzinha.
No lombo de um burrico
Ele chegou todo assado
São cinco léguas do sítio
Passando pelo roçado
Pra pegar os jerimuns
E vender o milho assado.
Quando chega em casa tarde
Debaixo de um sol de cão
Não volta com um centavo
Só volta de pé no chão
Que a alpercata quebrou
E o burro engasgou com pão.
A sorte que o matuto tem
É sua coragem de nordestino
Come mal, mas vive bem
Nosso orgulho eu insisto
São seus, só os calos das mãos
É assim o seu destino.
Mas esquecendo a tristeza
O mais bonito de olhar
É quando começa a chover
E o matuto a chorar
É aí que ele sente
Que tudo vai melhorar.
O que dá forma ao Nordeste
São essas figuras brilhantes
Com seus largos sorrisos
Com seu sotaque marcante
Com suas mãos calejadas
E seus abraços cativantes.