A primeira pedra.

Uma pedra eu atirei

Na janela da vizinha

Esse erro eu pratiquei

Pensei que estava sozinha

Eu depois me desculpei

Mas ela não quis ser minha.

Era moça de família

Bem disposta e educada

Também a única filha

De família abastada

Pra seguir em boa trilha

Devia ser bem casada.

Eu amava de verdade

Mas não fui correspondido

Acho que pela idade

Eu não era um bom partido

Sem falar banalidade

Eu fazia o proibido.

Eu a via todo dia

Mas nunca falei com ela

Era a minha alegria

Vê-la de roupa amarela

Ela tinha companhia

Pra passar na passarela.

Apesar de educada

Era em geral nervosa

Pela mãe aconselhada

Quando ficava chorosa

E pelo pai castigada

Se ficasse escandalosa.

Muitas vezes eu pensei

Que iria conquistar

Eu ate mesmo tentei

Mas não consegui falar

Tudo aquilo que falei

Só serviu para afastar.

Vendo assim o meu fracasso

Eu busquei uma saída

Dei o meu primeiro passo

Pra forçar a despedida

Sem fazer estardalhaço

Eu segui a minha vida.

Eu a via na igreja

No jardim e na farmácia

Ela era o que se almeja

Pra viver em boa graça

E para que alguém a veja

Andava cheia de graça.

Fui um dia trabalhar

Numa terra bem distante

Não tinha porque falar

Mas estava radiante

Dela eu ia me afastar

A partir daquele instante.

Desejei falar com ela

Mas sequer me aproximei

Ela era a flor mais bela

Pela qual me apaixonei

Porém sobre a vida dela

Isso eu nunca indaguei.

Fui falar com o patrão

Pra pedir meu pagamento

Ele disse que eu não

Fiz trabalho a contento

Minha remuneração

Era um prato de alimento.

Estendi-lhe a minha mão

E falei muito obrigado

Aquela alimentação

Não era o combinado

Mas também por precaução

Eu guardava algum trocado.

Disse a ele que faria

O trabalho combinado

Porem ele pagaria

Mesmo estando endividado

Pois uma coisa eu queria

Não ser um esfomeado.

Eu segui o meu caminho

Sem por ela perguntar

Caminhei sempre sozinho

Sem pensar em me casar

Mas um dia o meu vizinho

Chegou pra me provocar.

Começou fazendo graça

Dizendo que não sou homem

Disse que ando em desgraça

O desvios me consomem

E talvez só por pirraça

Onde estou os outros somem.

Preferi não responder

Mas fiquei aborrecido

Tinha muito pra fazer

Estava bem abatido

O melhor era esquecer

Dar o dito por não dito

Levantei daquela queda

Com esforço no labor

Aprendi que nunca medra

Quem já foi um lutador

E atire a primeira pedra

Quem não errou por amor.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 08/11/2014
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