Minha coroa de espinho

Misturei meus sentimentos

Numa jarra de cristal

Coloquei meus pensamentos

No mais alto pedestal

Procurei divertimentos

Sendo sempre o maioral.

Alegria era o legado

Se mulher gritava corra

Eu deixava encarcerado

E mandava pra masmorra

Todo jovem escravizado

Pro velho eu dizia: morra.

Eu matei meus sentimentos

Provocando emulações

Destruí os bons momentos

Por querer bajulações

Construí meus monumentos

Destruindo corações.

Ter poder imensurável

Era tudo que eu queria

Explorava o miserável

Do rico eu pouco exigia

Um poder incontrolável

Era o que eu exercia.

Minha dama, uma senhora,

Com pendores pro fracasso

Exigia toda hora

Alguém estendendo o braço

Para ela andar la fora

Sem sentir qualquer cansaço.

Nessa vidinha humilhante

Eu vivia amargurado

Perguntava a todo instante

O que fiz no meu passado

Uma voz beligerante

Respondeu do outro lado.

Você foi louco varrido

Destruiu seu próprio lar

Hoje está arrependido

Mas não tem como voltar

O seu tempo está perdido

Var ter de recomeçar.

Todo o seu tempo foi gasto

Em falar maledicências

Você sempre foi nefasto

Provocava malquerenças

Teve o pensamento vasto

Mas ficou nas desavenças.

Seu passado é pra você

Caminhada sem destino

Você vai saber por quê

Curando o seu desatino

E depois vai perceber

Que esqueceu o que ensino.

Fez da própria ignorância

Um degrau pra apostasia

Promoveu desesperança

Esbanjando covardia

Hoje o prato da balança

Pesa o seu dia a dia.

Meu conselho pra você

Não queira ser o maior

Vou tentar interceder

Pra você ficar melhor

Tudo que acontecer

Poderia ser pior.

Vou rever o seu passado

Pra fazer o seu presente

Não estou mancomunado

Do temor estou ausente

Tudo que for perdoado

Será só daqui pra frente.

Seu presente serei eu

Mas estou despercebido

Nada tenho que é meu

Se tive foi esquecido

Se você se arrependeu

Melhorar é permitido.

Volte a ser uma criança

Com os olhos sem maldade

Reencontre a esperança

Esqueça a fatalidade

Saiba que a paz avança

Junto com a caridade.

Seu caminho eu vou mostrar

Mas não é para seguir

Antes vá se preparar

Pra saber aonde ir

E aprenda a esperar

Por alguém que há de vir.

Esse alguém é a saudade

Que está lhe procurando

Ela está com verdade

Pra dizer que está lidando

Com quem a dignidade

Deixou no canto esperando.

Eu agora vou dizer

Que você está sozinho

Nada há para temer

Siga em paz o seu caminho

Mas você deve escolher

Sua coroa de espinho.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 16/11/2014
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