* Vida de urso *

Era um ursinho de pelúcia,

Numa caixa de sapatos acomodado.

Não sabia há quanto tempo

Estava ali fechado,

Nem sabia onde se encontrava

A caixa que dentro estava.

Onde estava guardado.

Estaria em um armário?

Estaria metido num gavetão

Numa cômoda? Na cave?

Num quarto escuro, num sótão?

Quem é que dele se lembraria?

Ursinho de pelúcia nada via.

Tinha problemas de visão.

Ele só tinha um olho,

Mas na verdade não via nada,

Era só porque naquela caixa

Estava uma escuridão danada.

Também pouquíssimo ouvia

Só tinha uma orelha e não podia

Mesmo que desse uma esticada.

Cheirava muito mal ali dentro,

Ele estava muito apertado.

Não podia se esticar nem sentar

Sem que batesse nos lados

Ou na tampa de sua prisão

Já tinha tentado escavação

Mas nada havia furado.

A caixa estava muito bem atada.

Pediu socorro, mas ninguém ouviu.

Por isso, o ursinho de pelúcia,

A maior parte do tempo dormiu.

Que outra coisa poderia fazer?

Ele não dormia por prazer

Mas gostava de sonhar viu.

Sonhava com a sacola do carteiro,

Que o levava a fazer uma viagem.

Às vezes, tinha sonhos maus,

Autênticos pesadelos e miragens:

Aquele da marmita amolgada

Ou do porta-moeda guardada.

Que sempre levava na bagagem.

Quando não conseguia dormir

Para poder sonhar se aborrecia

Naquela velha caixa escura,

Onde ele nada fazia

Um dia, uma menina veio libertá-lo.

Levou-o para casa, para soltá-lo.

Era tudo que ele queria.

A menina instalava confortavelmente

O ursinho na sua almofada.

Depois, pegava um grande livro,

E contava histórias engraçadas.

Era um momento de felicidade

Que adormecia com tranquilidade,

O fim da história não via nada.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 22/11/2014
Código do texto: T5044899
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