O empreiteiro do descaso

Eu construo...

Dos alicerces da ditadura,

até a rampa da “Nova Republica”;

sobre a lama e o lodo,

sobre os grilhões da escravatura.

Sob o deleite dos magistrados

e os inveterados senhores do senado.

As leis que desconheço,

custam-me caro!

Gerson cobra. Eu pago.

E comemora a trupe vil,

outra obra superfaturada;

enquanto a ética e a vergonha (deles)

escoam pelo ralo.

Eu construo...

Na base opulenta e insatisfeita,

as estruturas da falcatrua.

Sou um OPERÁRIO bem requisitado,

conheço os segredos da fonte

e as torneiras lúdicas

por onde jorram torrentes de dinheiro.

E seguem os picaretas pré-fabricados

{nas urnas e nos gabinetes}

com seu engodo e malfadado PAC:

Programa de Ajuda aos Companheiros

ou propalado atributo circense,

ao tolo eleitorado,

a carapuça ou o nariz vermelho.

Fundamentado na camaradagem,

exerço meu ofício de forma direta.

Carta convite – Se houver pressa.

Carta marcada – Licitação indigesta.

Sobrevivo em meio à malandragem,

pois conheço o bom azeite,

que acelera a burocrática engrenagem.

Eu construo...

Auferindo os gestos alheios,

dos Togados, sanguessugas e mensaleiros;

na impunidade, eu também creio.

Sou como um bate-estaca,

firme e impetuoso no apiloamento.

Aos filhos da Pátria... Meu descaso.

Sandro Colibri
Enviado por Sandro Colibri em 29/05/2007
Reeditado em 29/05/2007
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