Fantasiado de Cantareira

Após tanto matutar sobre como ou de que
Me fantasiar no carnaval, finalmente descobri
A fantasia ideal, que refletia todo o frenesi
Que ora sentimos, com todo mais e porquê.
 
Pensei em vestir-me como a “presidenta”,
Roupa de bolinhas como se galinha d´angola,
Com a forma de botijão de gás, como uma bola,
Mas, confesso, como o original, ficou horrenda.
 
Tentei, então, fantasiar-me como a Graça,
Figura célebre da Petrobrás e do País que afunda,
Tendo a boca com o detalhe central da bunda,
Mas era feio demais, verdadeira desgraça.
 
Fantasiei-me como a fusão de Lula e Cerveró,
Mesmo que não quisesse cortar um dedo,
Língua presa para não guardar segredo,
E como não sou vesgo, com um olho só.
 
Optei, afinal, por fantasiar-me de Cantareira,
Mas fui imediatamente preso e algemado,
Por ter saído às ruas como nasci, pelado,
Com  “volume morto” nestes dias de brincadeira.
 
Afinal, protesto, isto é muita falta de humor,
Pois fui preso e algemado e por fim levado
Para o lugar que a eles devia ser destinado
por seus roubos, por mero atentado ao pudor.

 
LHMignone
Enviado por LHMignone em 14/02/2015
Reeditado em 14/02/2015
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