O político peneirado (Feito há mais de 5 anos - é atual?)

Êta caboclo sabido,

Sujeito de prosa boa,

Cochicha no pé do ouvido,

Abre a boca e ri à toa,

Tem vez que solta um gemido,

Parece outra pessoa,

Tem hora que é comedido,

Outras horas ele voa,

Mas nuca fica perdido,

Tá sempre remando a proa.

Eis aqui o homem inteiro,

Que o cordel vai peneirar,

Tampe o nariz para o cheiro,

Que a coisa pode azedar,

Apague o seu candeeiro,

Que é pra não ter de enxergar,

Abra a porta do banheiro,

Se a barriga reclamar,

Tenha à mão algum dinheiro,

Que ainda vai ter de pagar.

Depois de bem peneirado,

E o cabra virar farinha,

São fezes pra todo lado,

Feito purê de abobrinha,

Pois um ânus educado,

Respeita a prega rainha,

Vem em pacote fechado,

Não é cocô de galinha,

É tudo bem programado,

Tudo bem dentro da linha.

Passou a massa cinzenta,

Peneirou-se o pensamento,

Seu moço, ninguém aguenta,

O fedor que vai pro vento,

Arde os buracos da venta,

Faz o escarro purulento,

Dá uma tosse nojenta,

Que arremessa excremento,

A coisa mais fedorenta,

Que história tem documento.

Pura bosta de neurônio,

Curtida na endorfina,

Faz a camada de ozônio,

Necessitar de faxina,

Pois serviu pro matrimônio,

Do sujo com a fedentina,

Feito o Arruda e o Antônio,

Uma parelha cretina,

Do satanás com demônio,

Pra tomar conta da mina.

A mina e o seu tesouro,

O ideal democrático,

Fechada à chave de ouro,

Com segredo enigmático,

Que era pra ser duradouro,

Com protetor automático,

Caiu que nem cabelouro,

De animal subaquático,

Ou outro bicho de couro,

Que fica mole e apático.

A peneira do cordel,

É na verdade, a moral,

E está cumprindo um papel,

Que lhe é essencial,

Incorporar o menestrel,

No cenário nacional,

Pra derramar o seu fel,

E o unguento cerebral,

Também um pouco de mel,

No caldeirão federal.

Um mel de aroma floral,

Pra dissipar o mau cheiro,

Que o congresso atual,

E seu odor costumeiro,

Infestou no seu quintal,

Fez do país um bueiro,

Desde o planalto central,

Cobrindo o Brasil inteiro,

Com a bênção do capital,

Da lavagem de dinheiro.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 18/09/2005
Reeditado em 28/09/2016
Código do texto: T51577
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