Acordei meio besta, nunca tinha passado pela minha cabeça escrever um cordel e não é que em sonho me veio isso?!

"Aconteceu faz algum tempo, lá pelas bandas do fura zóio
Quando uma menina emo me procurou com dor de olho cansado
tinha um gato no colo e uma certidão a tiracolo
dizendo - cuida do meu gato que lá onde moro não posso
Minha mãe não quer, minha tia não gosta, o síndico menos ainda e pior: o gato é preto e minha avó só desafeta
E o quê fazer? vou procurar um besta que tem a vida a arrefecer, deste besta tenho certidão, lavrada em cartório juramentado, dizendo que sou filha de seu sangue a padecer
Pulando amarelinha, segue a menina, com o gato na cestinha
Chegando a casa do homem, disse ao gato: - não mia e fica!
Como se não miar e ficar, para os gatos, fossem coisas simples de fiar
Triste ficou o gato ao ver-se abandonado, triste ficou o homem, depositário fiel do felino, mas não da felina
Feliz foi a menina embora, pulando amarelinha, achando na sua inocência de débil que tudo estava resolvido, fez sinal e beijo de adeus ao gato e falou obrigada ao homem, achando que sabia o que quer dizer esta palavra.
E lá ficou o gato, que a partir de então passou a ser chamado e atender por Nininho, o gatinho menininho
Ficou lá, o tempo que tinha que ficar, brincou, comeu sua graminha, pulou muro, brigou com o dono e outro gato
Ficou na casa, no tempo dos gatos
Até que num dia morreu a morte dos gatos, morreu de tristeza; o homem não tinha tempo e a menina tampouco
A meninazinha apareceu, chorou, deu sepultura, mas o gatinho já tinha morridozinho."