Violência no Espírito Santo

Violência no Espírito Santo

Há muitos anos atrás

Quase nem se ouvia falar

Que tivesse tantos crimes

Nem aqui nem acolá

Hoje, se liga o rádio

É só a notícia que dá

Ao se ouvir uma música

Só vê pedir atenção

Para publicar notícia

Tem cadáveres aos montões

Uns estava em areais

Outros em lamarão

Meu filho com 14 anos,

Trabalhava de trocador

Quando saía do serviço

Já era hora de terror

Vinha para casa a pé

Ladrão nunca o assaltou

Hoje em pleno meio dia

Não se anda sossegado

Se vigia por todo lado

Com medo de ser roubado

Tem crianças ainda pivetes

Que já são marginalizados

Cadáveres pelas periferias

Todos os dias são encontrados

Nunca se sabe quem matou

Certo é que são jogados

Pele beira das estradas

Ou em lugar isolado

As vezes nos areais

Corpos ficam jogados

Uns, são torturados

Outros ficam queimados

Alguns em sepultura rasa

Só meio corpo enterrado

Moradores das periferias

Não ficam mais sossegados

Mais que a polícia trabalhem

Não dá conta do recado

Enquanto socorrem a uns

Outros gritam, fomos roubado

A violência no trânsito

É ainda mais abusado

Morre gente todos os dias

Nunca ninguém é culpado

Certo que muitos motoristas

São pessoas incapacitados.

As batidas que acontece

É sempre por imprudência

Em vez de terem cuidado

Dirigir com mais decência

Ultrapassam sem visibilidade

Não sei este povo o que pensa

Nisto vidas preciosas

Vão para baixo do chão

As mulheres ficam viúvas

Os irmãos deixam irmãs

Por pessoas que não pensam

Deixam tantos em confusão

Muitas mães estão em casa

Esperando seres amados

Que estão à viajar

Só vê quando chega recado

Que os entes queridos ficaram

Em pleno asfalto jogados

Para aquele triste lugar

Os amigos o vão levando

Quando ela chega avista

Fica quase desmaiando

Vê marido entre as ferragens

E os guardas já serrando

E assim muita das mães

Perdem seus filhos queridos

E também muitas mulheres

Ficam viúvas sem maridos

Choram, porque não sabe o que perde

Senão depois de perdido

Tentativa de homicídio

Por cunhado desalmado

Por briga de alguns casais

Deixa muitos sacrificados

Que para socorrer irmã

As vezes é até esfaqueado

Enganadores em nossa casas

Chegam mostrando lealdade

Pergunta possui carnê?

Do Baú da felicidade

Você foi um contemplado

Aqui de nossa Cidade

Um dia chegou três jovens

Com documentos falsificados

Dizendo que naquela firma

Há três anos eram empregados

Você para receber seu prêmio

Basta dar-nos um chegue pré-datado

Eu olhei bem para eles

Não dei a mínima atenção

Falei a eles todos os dias

Eu assisto a televisão

Sei bem que aos contemplados

Não precisa gastar tostão

Aí eles foram saindo

A outros foram visitar

Alguém, foi na conversa

Eles puderam se arrumar

E logo saíram de cidade

Com medo da polícia não os pegar

Hoje em nossa Cidade

Se vê tanta covardia

Alguns pais de família

Não respeitam suas filhas

É tanto anuncio no rádio

Que a gente até se arrepia

Tem menor abandonado

Às vezes pais são culpados

Em vez de dar tarefas em casa

Deixam pelas ruas jogados

Dizem, meu filho é pequeno

Não pode viver castigado

Quando a mãe mando o filho

Às vezes vasilhas lavar

Grita o pai, ele não vai!

Vá para a rua brincar

Lá encontra mal índole

Ensina cola cheirar

E assim vai começando

E logo vai aumentando

Com espaço de pouco tempo

Os pais ficam chorando

O filho fica malcriado

Com os pais só fala gritando

O tempo que o pai manda

O filho para rua brincar

Deveria dar um caderno

Um livro para estudar

O estudo é o maior futuro

Que aos filhos o pai pode dar

Pivetes vivem nas ruas

Cada um, mais perigoso

Que pessoa usar cordão

Eles avança no pescoço

A vítima ainda dá sorte

Se não quebrar algum osso

Eles saem em uma carreira

Ninguém consegue pegar

Não adianta chamar polícia

Porque nem chega alcançar

Só quem anda com Jesus Cristo

Pode deles se livrar

Vou dar por um exemplo

Um bairro que conheci

Morei lá desde criança

Nada de mal lá eu vi

Agora virou em notícia

É o bairro de Cobí

Lá nasceram os meus filhos

Eu os criei e eduquei

Na escola Técnica Federal

Com sacrifício coloquei

Numa Companhia Estatal

Todos lá os empreguei

Quando eu fiquei viúva

Meus filhos eram crianças

Ensinei eles a trabalhar

Com amor e confiança

O pai deles foi assassinado

Para eles só deixou lembrança

Naquele bairro anos atrás

Só tinha gente bacana

Que viviam a trabalhar

Aqueles velhos veteranos

Aquele mangue aterravam

Para tirar o pé da lama

Não tinha luz elétrica

Nem água encanada

Existia o Rio Marinho

Que tinha água sagrada

Muito nele trabalhei

Para roupa ser lavada

Quem não conheceu o rio

Não pode acreditar

Tinha porto de areia

Para canoas ancorar

Muitos canoeiros traziam

Mercadoria para entregar

Aonde hoje é favela

Era porto de invejar

Lá tinha um comerciante

Vendia café e jantar

Os canoeiros pernoitavam

Para bem cedo, no mar entrar

O comerciante era um ser

Que todos o respeitavam

Todos os canoeiros

Que naquele porto chegava

Por aquele comerciante

Eles logo perguntavam

Na casa deste comerciante

Vendia jantar e dormida

Todos que lá chegava

Por ele era acolhido

A esposa e a empregada

É que fazia a comida

Hoje virou em favela

Que faz medo se chegar

Vem gente de todo canto

Logo lá vai procurar

Homens vadios e pivetes

Muito se esconde lá

O rio virou lameirão

Esgoto por todo lado

Poderiam fazer canal

tudo bem encimentado

Este bairro é esquecido

Pelo município e pelo Estado

Políticos interessados

A ganharem as eleições

Logo vão prometendo

De fazerem reparação

Quando ganham se esquece

Daquela população

É lixo aos montões

Sempre ao lado da linha

O lugar foi dividido,

Cobí de Baixo, Cobí de Cima

Quem lá já viveu tão bem

Hoje até se desanima

Falo e falarei deste bairro

Porque aqui já vivo há 61 anos

Ninguém sabe mais do que eu

O que aqui se vem passando

Sempre amei este bairro

Vou continuar sempre amando

Do Cobí todos meus filhos

Saíram normalizados

Só um saiu solteiro

Os outros saíram casados

Certo que todos se formaram

E todos são bem empregados

As vezes fico pensando

No rádio ouço a falar

Falando de mãe solteira

Mas o pai aonde estar?

Que só quer se aproveitar

E nunca se responsabilizar

Às vezes uma pobre donzela

Pôr falta de orientação

Vai na conversa de um jovem

Elegante, mas sem coração

Quem deixa um filho sofrendo

De Deus não tem proteção

Eu também já fui jovem

Hoje sei o peso que o mundo tem

Mas quando era menina

Pensava errado também

Por isso aconselho as jovens

Não vá na conversa de ninguém

É tantos preconceitos

Em nossa sociedade

Quando tem uma reunião

Em nossas Comunidades

Em qualquer repartição

Todos, devem ter igualdade

Reflita na situação

Econômica do País

A dia que depara-se

Triste quadro que diz

Violência nos grandes centros

Que dá trabalho ao Juiz

Vitória pequena Cidade

Com boa situação

Importante na economia

De problemas e confusão

Principalmente em desemprego

Não só aqui, mas em toda Nação

As crianças maltrapilhas

Desfilam pelas as avenidas

Dormem embaixo das pontes

Por pivetes conhecidos

Agem assaltando pessoas

Só se livra quem por Jesus é valido

Enchem gavetas de gabinetes

Os crimes misteriosos

O resultado, arquivamento

Sempre por falta de provas

O que a polícia descobre

Chega um rico logo reprova

No interior a situação

Ainda se agrava muito mais

Líderes mortos por esquema

A roda dos cafezais

Crimes por encomendas

A solução, é só sair nos jornais

Vereadores, nas periferias

Por favor não deve esquecerem

As promessas que fizeram

Quando queriam se elegerem

Mas o que se passa nos bairros

Eles não querem nem saberem

COBI, 19 DE JULHO DE 2005

MARIA CIPRIANO CELESTINO

POETISA ZIZI

ZIZI CELESTINO
Enviado por ZIZI CELESTINO em 18/09/2005
Código do texto: T51691