A minha Herança

Meu escanchavô Manoel

Pereira Nunes de França

Há muito tempo deixou

Para mim uma herança

Sendo eu seu escancha neto

Eu guardei como Lembrança

Pará quem não sabe quem foi

Meu querido escanchavô

Foi o pai, do pai, do pai

Do pai do meu quadravô

Quincavô do trizavô

Do avô do meu bizavô

Herdei dele um sepo feito

Do tronco de um mulungú

Um Baú esburacado

E uma mala de couro crú

A unha de um Lobisomem

E o casco de um tatú

Os canos do par de meia

Um saco todo rasgado

Um cachimbo sem canudo

E um pinico amassado

Uma panela sem tampa

E um sapato furado

O caco duma enxada

E um serrote sem dente

Um martelo sem cabeça

E um ispisinez sem lente

A inteligência dum burro

E o pedaço dum pente.

Silas Mafra
Enviado por Silas Mafra em 14/03/2015
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