A CRISE das drogas

01

A crise só aparece

Quando nada faz efeito

Sem isso não se percebe

Enquanto se dar um jeito

Como diz a frase antiga

Se empurra com a barriga

Pra encobrir o defeito

02

Onde me encosto me deito

Descrevo como convém

Frisando como as drogas

Bem mais forte se mantem

Embora não haja crise

O que falo, forte frise!

Sem interpelar ninguém

03

O passado até que tem

Seu histórico armazenado

Onde até de vez em quando

Encontrava um viciado

Abusando da cachaça

Mais se fizesse arruaça

Porque estava maconhado

04

Nada mais era cobrado

Do que minha tese exponha

Todo mundo tinha medo

Da dita droga medonha

Quem plantava ou vendia

Nem de graça consumia

A sigilosa maconha

05

Família tinha vergonha

Quando boatos surgiam

O filho de seu fulano

Trocava noite por dia

Se escondia no matagal

Quando roubava um varal

Quase nem se percebia

06

Outra droga não havia

Pro cabra ficar doidão

Só o cheiro era forte

Saindo de cada oitão

Pernambuco produzia

Na paraíba vendia

Sem ter qualquer restrição

07

Cunhando a inovação

O mundo hoje é moderno

O traficante é grã-fino

Trajando um lindo terno

Onde a maconha é fichinha

O crack domina a linha

Levando muitos pro inferno

08

Não se escreve em caderno

A lista dos viciados

Quem essa droga consome

Ligeiro tem resultados

Deixa família e emprego

Perdura em desassossego

Com os sonhos transtornados

09

Os produtos refinados

O organismo tolera

Mais o crack é a borra

Que a cocaína libera

Na chique refinaria

O lixo é primazia

Por onde a morte opera

10

O mundo todo a espera

Desse produto fingido

Que é barato e venenoso

Trazendo o mal embutido

Os males inconsequentes

Convertem em delinquentes

Quem encontrar distraído

11

Parece ser mais vendido

Do que a própria citada

A borra chamada péda

Sem ter cor amarelada

Coloração não importa

Sai batendo em toda porta

Seja aberta ou fechada

12

Prefere a meninada

Ou mesmo adolescentes

O traficante investe

Caçando uns inocentes

Para empurrar seu produto

Que o resultado é o luto

Deixado para os parentes

13

Mais fortes nas afluentes

Do que a mãe cocaína

O usuário se seca

Sem enxergar a ruina

Vitupério sem noção

Numa vil escravidão

Só com a morte termina

14

O tráfico quem determina

O tempo que irão viver

De velho não morre mais

Nem se avalia o sofrer

Sofrendo a família toda

Sem festejar uma boda

Do filho que viu nascer

15

É curto o permanecer

Depois do primeiro trago

Andam leve pela rua

Usufruindo o afago

Que em cada repetição

Só engoda o coração

Todo valor é bem pago

16

Sem perceber o estrago

Da vida iniciada

Se tornando dependente

Sem esperança de nada

Quando acaba a merreca

Também empobrece a beca

Passa a viver em calçada

17

Vende a fortuna alcançada

Ligeiro as coisas se somem

A própria roupa do corpo

O crack logo as consomem

Uns vendem até mobília

Objetos da família

Só fuma e nada comem

18

Parece um lobisomem

Andando desfigurados

Não podem ver nada fácil

Depois vão nos bens guardados

Se o respeito não convém

Não se poupa mais ninguém

Pois findam descontrolados

19

Inda ficam magoadas

Quando imploram ajudas

Se negarem o que pedem

As respostas são peludas

Naquela agressividade

Imitando de verdade

A crueldade de judas

20

Quando andam de bermudas

As pernas como transportes

Sem camisa é um aleijo

Como quem praticam esportes

Quando na rua desfila

Parece um sabirila

Pernas finas, corpos fortes!

21

Críticas de grandes portes

São feitas e tem sentido

As pernas de um sabiá

E um corpo bem nutrido

Um enxerto se mutila

De sabiá com gorila

O crack tem construído

22

Depois de ter destruído

Os laços familiares

Roubam todos os parentes

Visitas complementares

Se mandam para as esquinas

Alimentando as ruinas

Transtorno e também pesares

23

E vão perdendo seus pares

Os parceiros mais antigos

São manchetes dos jornais

Complementado os artigos

As baixas nada importa

E o que mais lhes conforta

É a procura dos amigos

24

Saem feitos papafigo

A procura de inocentes

Nunca falam a verdade

Daqueles já dependentes

Incluídos no afago

Doando o primeiro trago

Seja estranhos ou parentes

25

Invadem áreas decentes

Os recintos sociais

Colégios e até igrejas

Ambientes principais

Oferendo o produto

Num descaso absoluto

Dada vez se afundam mais

26

Quando estampa nos jornais

A tristeza que se soma

São muitos os dependentes

Providencia não se toma

No sonho de ser feliz

Nunca chegam a UTIS

E morre sem ter um coma

27

Do saboroso aroma

Lá no começo inalado

Terminam perdendo o tino

Todo sonho foi frustrado

Se comprar e não pagar

Não tendo onde roubar

Finda sendo assassinado

28

Difícil é um viciado

Do “crack” viver bastantes

Paga sempre com a vida

Sem lucrar nem uns instantes

Entre dez e vinte anos

Morrem sem traçar os planos

Que foram sonhado antes

29

São narrativas pedantes

Mas é real no brasil

Inda tem outros piores

Como o tal de “cocrodil”

Que prefere desmanchar

O sujeito até matar

Ligeirinho bem sutil

30

Um aço feito Bombril

Corroendo devagar

Arreando todo osso

Até ele desmanchar

Fazendo morrer à mingua

Em cada junta uma íngua

Sem o prazer de andar

31

Mas se quiser revezar

Saboreando a ruina

Tem outros e vou citar

Pra endossar sua sina

A “vinte um ponto um”

Que não escapa nenhum

E também a heroína

32

Cada uma mais assassina

Com sua escravidão

O “êxtase” não fica fora

Também dar o seu plantão

Seguindo de mundo afora

Um morre, o outro chora

E não se ver solução

33

Assim eu concluo então

Dando meu ponto de vista

Quem mata quem ver na frente

Do mendigo ao artista

Vai um dia cassar alguém

Não vai encontrar ninguém

Somente quem lhe assista

34

O corajoso desista

Use as forças que convém

E fuja dessa desgraça

Que o desgraçado não tem

Alguém pra lhe socorrer

Sofre os dias que viver

Sozinho morre também

35

A droga vai ser refém

Da sua própria desgraça

Hoje mata os inocentes

A todo mundo ameaça

Os seus clientes matando

Vai findar só mendigando

Quem lhe use até de graça

36

Vai ser visto em toda praça

Alguém com esse produto

Vai ter jovem extinção

Pai e mãe chorando luto

Mataram consumidores

Sobraram os devedores

Desespero absoluto

37

O crack matou o fruto

Ele ainda prematuro

Diferente da maconha

Que pensava no futuro

Não pensou no amanhã

Destruiu quem era fã

Não houve quem fosse duro

38

Mais uma vez asseguro

A droga ganhou a guerra

Hoje é mais forte que o homem

Não tem força que lhe emperra

Não há quem lhe faça medo

Nem ela esconde o segredo

De dominar toda terra

39

A minha tese se encerra

E a minha analogia

A tristeza se expande

No lugar da alegria

Ao ver essa mocidade

Ser vítima da crueldade

Sem direito à revelia

40

Já não se sabe quem cria

A solução desejada

Ignorando as vitimas

Largada pela estrada

Todo fim acaba assim

O final é que esse fim

Não se ver vitória em nada

Jailton Antas
Enviado por Jailton Antas em 16/03/2015
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T5171484
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