Galope do Jugo, Julgo e Dogmas

Galope do Jugo, Julgo e Dogmas

A moça bonita beija a outra menina

E o macho se esfrega no pau de outro macho...

Parece que o homem do diabo é capacho

E o adúltero julga ser erro essa sina;

Porque o homem vê a prostituta na esquina,

Achando-se o santo dá a grana pra amar,

Depois com seu bico empinado pra o ar

Despreza o mendigo que lhe é semelhante,

Julgando-se certo em caminho brilhante

Que leva ao buraco mais fundo do mar.

Eu fico buscando no mundo gigante

Ventura, candura, o amor de verdade...

Não jugo que dão por um dogma ou maldade,

Por puro desprezo de uma alma ofegante

Quer quer, que deseja ser sempre operante

Na pura malícia, e o veneno a esporrar

No rosto de quem tá perdido, sem lar...

Talvez se ele olhasse no furo do umbigo

Veria que o espera o mais duro castigo

Que leva ao buraco mais fundo do mar.

O julgo parece que vem do Inimigo

E o tolo coloca e repassa pra o povo,

Dizendo ser cem, mas não passa de um ovo

Comido com gosto lá fora do abrigo...

Se o tolo vier tirar uma comigo

Eu jogo as verdades que tem que escutar,

Nem deixo esse cego no ouvido a falar,

Porque muito sei que isso é falta de amor,

Sem ele o coitado verá o Malfeitor

Que leva ao buraco mais fundo do mar.

Cairo Pereira

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 01/12/2015
Código do texto: T5466954
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