* O melhor pedaço *

Um velho mendigo

Perambulava pelas ruas da cidade.

Ao seu lado, o fiel escudeiro,

Um vira lata, chamado amizade.

Ambos não tinham mau cheiro

Também não pedia dinheiro

Tinha no olhar uma suavidade.

Aceitava sempre uma banana,

Um pedaço de bolo ou pão,

Um almoço com sobras de comida

Restos de outra refeição.

Suas roupas estavam remendadas,

Mas limpinhas bem lavadas

Tinha boa apresentação.

Era conhecido como um homem bom,

Que perdera até a identidade,

A razão, a família, os amigos,

Menos sua dignidade.

Estava sempre tranqüilo,

Todo mundo percebia aquilo

E ajudavam-lhe de verdade.

Dizia sempre que Deus lhe daria

Jamais deixaria um filho na mão,

Na hora certa, na hora de Deus,

Alguém lhe estendia uma porção

De tudo que ele precisava.

Por isso feliz se encontrava

Não tinha nenhuma ambição.

Agradecia e rogava a Deus

Pela pessoa que o ajudava.

O que ganhava, dava 1º a amizade

Que paciente, comia e ficava.

À espera por um pouco mais.

Tranqüila, quietinha e capaz.

De proteger quem o alimentava.

Não tinham onde dormir,

Ele sempre ficava a meditar,

Com o olhar perdido no horizonte.

Parecia que queria disfarçar.

Aquela figura me deixava pensativa,

Não entendia aquela vida vegetativa,

Sem esperança pra melhorar.

Com a desculpa de oferecer bananas,

Fui bater um papo com ele.

Iniciei a conversa falando de amizade,

Aí perguntei pela idade dele,

O que o mesmo não sabia.

Pois, já fazia vários dias.

E nem se importava com ele.

– Nossa grande amizade começou

Com um pedaço de pão.

- Ela parecia estar faminta

E lhe dei um pouco de minha refeição.

E daí, não me largou mais.

Ele me ajuda e me traz paz

Retribuo essa ajuda de coração.

– Como vocês se ajudam? - perguntei.

– Ela me vigia quando estou dormindo,

Ninguém chega perto que ela late

E ataca se ficar insistindo.

Quando ela dorme, fico vigiando

Para que nada fique incomodando.

Assim nós vamos seguindo.

Continuando a conversa, perguntei:

– Você tem algum desejo de vida?

– Sim - respondeu ele.

– Tenho vontade uma vez perdida.

De comer um cachorro quente,

Daqueles que vendem ali em frente.

Minha refeição preferida.

– Só isso? - indaguei.

– É, no momento, o que desejo.

– Pois bem, vou satisfazer agora.

Comprei-o e dei com um beijo

Ele deu um sorriso e agradeceu

Tirou a salsicha, e para amizade deu

Fiquei atônita com o que vejo.

Não entendi aquele gesto do mendigo,

Imaginava ser a salsicha o melhor pedaço.

– Por que você deu a salsicha para ela?

- Perguntei com grande embaraço.

Ele, com a boca cheia, respondeu:

– Melhor pedaço para o melhor amigo meu!

Consegue fazer o que faço?

Um tesouro nem sempre é um amigo,

Mas um amigo sempre é um tesouro.

Quem nesta vida encontrar um

Conseguiu medalha de ouro.

Reavalie-se como amigo

Se encontrou conte comigo

Sou profissional, não calouro.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 05/12/2015
Código do texto: T5471201
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