TERRA NATAL

És de um sol encantador -

Eu me lembro das manhãs

Respirando teu frescor

Pés de amora e romã

Um café de coador

Rádio, viola, um elã.

No intervalo da escola

Uma tremenda algazarra

Comentando sobre a cola

Sempre um agarra agarra

Queriam só jogar bola

Era mesmo uma farra.

Sem que fosse planejada

De segunda a sexta-feira

Todo dia a criançada

Sem cansar, a tarde inteira,

Se juntava na calçada

Inventando brincadeira.

Manga e jabuticaba

Comiam-se até fartar

No pé, laranja e goiaba

U'a beleza de pomar

Quando a dona era "braba"

No pé se tinha que dar.

Mas também havia quando

Na ladeira a turma ia

Pra formar um grande bando

E pedalar pra pescaria

Os adultos, no entanto,

Iam para a romaria.

As calçadas de varvito

Pra elegante caminhar

E nas ruas de granito

As charretes a passar

Veio então o asfalto, um mito,

Para carros desfilar.

De vez em quando uma festa

Feita para festejar

Com o som de uma seresta

Já se faz anunciar

Pra menina atrás da fresta

O romance está no ar.

Vários bandos de pardais

Num mais belo entardecer

Proclamando em madrigais

"Hora de se recolher"

Uma experiência demais

Linda de se ouvir e ver.

E assim eu vou-me embora

Me despeço com saudade

Vou voltar, mas não agora,

Para ver minha cidade

Tão pujante como outrora

O seu povo e sua herdade.

George Gimenes
Enviado por George Gimenes em 24/01/2016
Reeditado em 17/02/2016
Código do texto: T5521172
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