MARTELO AGALOPADO
Meu coração de pateta deixa a porta entreaberta
Pra poesia adentrar, ligeiro feito preá, o poeta altaneiro
Tenta fugir do vespeiro com a sua alma nobre.
Com a sua rima pobre, parece estar na espreita,
Nem Esquerda nem Direita chafurdando nessa lama,
Sou o poder que emana, nesse Estado de Direito
Sou povo e quero respeito, e um lugar pra trabalhar.
Dê licença vou falar; sou sobrenome sem berço, do roçado o esterco
Adubando a lavoura, o elástico da ceroula, sustentando os possuídos
Choro de corno traído correndo pra se vingar,
Na bodega de preá, o sangue corre nos zói...
Sou Poeta ruim que dói, sou um quadro mal pintado.
Sou matuto requintado, na boca da mulherada
Rimando nessa tuada, quando eu chego o cancão pia.
O poeta rodopia, fazendo rima na feira, contudo desta maneira, eu quero me apresentar:
Eu sou Evanio Teixeira da cidade de Pilar
Criado lá nas Figueiras de povo ordeiro lutador,
Terra boa de valor, que vivo desde menino
Capitão Antônio Silvino naquele chão aportou.
Não redimindo o valor, nem tampouco a imagem,
Cangaço pede passagem ao Auferes Antônio Braz.
Mais deixemos para trás, e vamos ao que interessa,
Pois o poeta tem pressa e não pode vacilar...
Meu compadre Del Pilar de sangue azul pernambucano...
Um artista sem engano, uma pessoa de kilat,
Dedico essa prosa em parte ao pilarense Del.
Pra ele tiro chapéu e peço menção honrosa
Uma rima em verso e prosa, no fino trato do pincel.
Sou forró de gafieira nesta sala de reboco,
Para Odete do coco passo a bola de primeira
Com sua voz firme e terreira, puxa a roda da ciranda,
Vem no repique do samba o boi de dona Nair
É preciso resistir, pra manter viva a cultura
Pra elas toda candura; Merecem todo respeito,
São de fato e de direito, duas divas d´alma pura.
Voltemos aos castiçais desse matuto acabrunhado,
De verso mal acabado, que de maluco se faz,
Que vive correndo atrás, sonhando em ganhar em dólar
Jogador ruim de bola, que vive na pindaíba, hora em baixo hora em riba,
Tentando se equilibrar, nessa crise que não passa,
Com o sorriso sem graça, de um poeta senil,
Que torce pelo Brasil, e que ama a Paraíba.
Para não perder a rima, na batida do pandeiro
Aos amigos primeiro, vou deixando o meu abraço.
Eu me perco me embaraço, com duas taças de vinho,
Ninguém consegue sozinho, assoviar e chupar cana.
Brindemos aos sacanas, o cálice da hipocrisia,
Cantemos com alegria e sem perder o rebolado:
É rima ruim que dá cria, num desmantelo amuado, é folião na folia, é martelo agalopado.