O VALANTE AMÂNCIO

Oi seu menino, eu vou lhe contar uma prosa

arredia o pé da orelha, senta nesse banco

que vou lhe contar agora

o que se a sucedeu com o brabo Amâncio.

O caba era daquele bicho danado

mais azedo do que limão verde

de pega onça pelo rabo

e jogar no ar como se fosse uma rede

Oi; esse cara, não tinha coração, não

com a faca era um diabo

com ele não tinha perdão

doido com ele se atracasse já era difundo enterrado

Mais um dia esse caboclo sem querer

foi ferido por uma seta da paixão

se lascou se na vida a sofrer

querendo arrancar até o coração

Ai, quem sabe; essa má dita ilusão

saísse como assim entrou

mas não é fácil desatracar essa paixão

quando gruda é pra lascar o sofredor

olhe seu doutor, só quem ti viu, quem te ver

Amâncio homem valente e destímido

agora de arreio na boca e sem poder se mexer

escravo por um rabo de saia era seu destino

alguém já disse que viu ele por ai

um molambo andando pelo sertão

morreu a míngua foi o seu fim

de amar por demais no seu coração.

olhe aqui sou homem por inteiro

pode crer que não estou mentindo

uns dizem que o Amâncio era companheiro

do cangaceiro capitão Virgulino

autor nildoaires

Ivanildoaires
Enviado por Ivanildoaires em 17/03/2016
Reeditado em 17/03/2016
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