* Ensinar o que não se sabe *

Chega o momento que o Mestre

Toma o discípulo pela mão,

E o leva ao alto da montanha.

E o fala cheio de emoção.

Tudo brilha sob o sol forte

No horizonte, no norte.

E este fala com o coração.

Pelos caminhos que andamos.

Ensinei-lhe aquilo que sei.

Já não há nenhuma surpresa.

Nos cenários que te mostrei.

Aprendam as minhas lições.

Para não sofrerem decepções

De tudo que lhe falei.

Percebam que o ser humano

Constroem casas, abrem estradas,

Plantam campos, geram filhos…

Outras vezes não fazem nada.

Vivem a boa vida cotidiana,

Com suas alegrias e gana

E uma curtição exagerada.

Veja os mapas!

Contém o retrato deste mundo.

Se você prestar bem atenção,

Se olhar por alguns segundos

Verá que há mapas de tudo

Por isso eu não me iludo

Mas faço um estudo profundo.

Andei por estes cenários.

Naveguei, pensei, aprendi.

Aquilo que aprendi e que sei,

Está aqui e já vivi.

E estes mapas eu lhe dou,

Como herança que restou.

Para saber o quanto sofri.

Com eles você poderá andar

Por estes cenários sem medo

E pisando sempre a terra firme.

Dou-lhe meu saber em segredo.

Aí o Mestre fica silencioso,

Olhando o discípulo temeroso.

E pensa, ele desiste cedo.

Queria saber o que se esconde

Naquele infinito olhar.

Examina os seus pés.

Querendo adivinhar.

Neles se revelam a vocação

Das trilhas que andarão

Quem sabe pode comprovar.

Ideal seria encerrar a lição

E nada mais dizer.

Mas o Mestre não se conteve

E procurou resolver.

Percebe prenúncios de asas

Coisas que jamais imaginava

Outro sonho quis entender.

Ele sabe que todos os homens

São seres alados por nascimento,

E que se esquecem da vocação

Enfeitiçados pelo conhecimento

Das coisas já sabidas

Mas ainda pouco discutidas

Este ensinou no momento.

Agora chegou a hora

De ensinar o desconhecido.

Voltar na direção oposta,

Do caminho que tinha seguido

O mar imenso e escuro,

Aonde o sol chega seguro

Esperado e atrevido.

É este o seu destino.

Parece-nos fraca ilusão.

É preciso navegar.

Necessita ter os pés no chão.

Mas, mapas ainda é pouco.

O indivíduo sente-se louco

Cheio de diplomas na mão.

É inútil o saber aprendido.

Sente-se um pássaro engaiolado,

Que pula de poleiro a poleiro,

E não sai para nenhum lado.

Seriam pássaros selvagens,

Que nenhuma aprendizagem

Pode domesticar o revelado.

O corpo movido pelo sonho,

É diferente dos das certezas.

O primeiro salta para diante

A esperança é sua preciosa riqueza,

Põe asas de pressentimento.

Depois arqueja a todo momento

Buscando o alvo nas profundezas.

É o que se ensina nas escolas.

Com passos firmes caminhar.

Não saltar nunca sobre o vazio.

Aprender o fascínio do ousar.

Ou até um pouco desaprender

Querendo ou sem querer.

Esquecer a arte de falar.

As escolas e as universidades

Têm seus mapas, dogmas, ortodoxias.

O sucesso na carreira acadêmica

Descobre que pensar é alegria.

Fazendo o que seu mestre mandar…

Assim que se aprende a dançar.

Vivendo como nostalgia.

O conhecimento começa com o sonho.

Nada mais do que o desconhecido,

Em busca da terra sonhada.

Sonhar, não se ensina amigo.

Brota das nossas profundezas

Como a água na correnteza.

Viva seus sonhos, querido.

Claudia Pinheiro
Enviado por Claudia Pinheiro em 22/06/2016
Código do texto: T5675677
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