Desabafo

Levei agora uma punhalada no meio do peito esquerdo

Perfurou profundamente meu coração

Desta vez não guardarei segredo.

Podem preparar meu caixão

Estou tremendo neste instante

Penso até mesmo em suicídio

Sou fracassado e insignificante

Eu queria ser bastante querido

Quando eu vinha para casa chorando

Deu vontade de quebrar tudo que eu via pela frente

As pessoas ainda ficaram me criticando

Passam inúmeras coisas na mente

Descrevo o desabafo através desta poesia

Todos zombavam e riam

Eu ainda com fé insistia e persistia

Mas aos poucos eu morria

Perto da escola eu soube do Show de talentos

Conversei com um amigo meu e ele nem me falou do assunto

Na praça havia muito movimento

Ao ter curiosidade perguntei a alguém que passou de junto

Pedi a um cara para ver com um professor para eu apresentar

O educador mandou me dizer para eu falar com a diretora

Fui na secretaria e ela disse que talvez daria para me encaixar

Aí ansiosamente eu conversava com a opressora

A expectativa era grandiosa, deu um frio na alma

Assisti aquela multidão aplaudindo os artistas

Eu nem conseguia manter a calma

Por causa de humilhações sou pessimista

Eu imaginava que eu ia declamar antes das premiações

Mas eu me enganei feio, o povo ia embora

Ao ser ignorado resolvi tomar uma decisão

Eu desloquei do lugar e fui disfarçar lá fora

A plateia quase toda se espalhou

Nem sei se me chamou

Confesso que aquilo me machucou

A dor continua, ainda não passou

Vou sair sem graça na rua, cabisbaixo, tristonho

Já realizei parte do meu sonho

Não sou orgulho da cidade, mas já recitei na televisão

Estudei até me formar naquela escola, serei reconhecido na nação

Findo a mensagem, os humilhados serão exaltados

Deus não abandona ninguém

Pensarei no presente e esquecerei o passado

Atualmente sou desvalorizado, expressar no papel me fez bem.

Sidney Alves das Virgens
Enviado por Sidney Alves das Virgens em 27/08/2016
Reeditado em 29/06/2019
Código do texto: T5741253
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